Walter Rodrigues e Galeria 12: “Eu acredito que roupa boa é aquela que já existe”

Galeria 12, em Caxias do Sul, é o novo espaço do estilista, que conta com acervo de peças homônimas e muitas aquisições assinadas por grandes nomes da moda mundial Ele é um dos mais importantes nomes do setor têxtil nacional. Em sua trajetória há fatos que compõem a história da moda nacional, como ter sido o primeiro estilista a fazer uma collab com uma grande rede de lojas fastfashion, ter apresentado coleções inesquecíveis na São Paulo Fashion Week e ter conhecimento sobre tudo que faz referência ao mundo fashion. Walter Rodrigues é um gentleman. Um exemplar de criador que não se fez na moda apenas por ser um mercado. Em tudo o que ele se propõe, tem muito sentimento. Carinho mesmo, sabe?! Isso lhe deu fãs, admiradores, alunos e aprendizes. Olhar pra história recente da moda brasileira e não o citar, é fazer papel de bobo. Ele é estilista, consultor na área de design de produto e coordenador do Núcleo de Pesquisa e Design do Inspiramais. Dono de um conhecimento desconcertante para quem estuda, estimulante para quem busca conhecimento, e amigável demais para quem se profunda nos assuntos “modísticos” como ele. Sua ação mais recente está ligada ao desapego. Após anos e anos construindo um riquíssimo acervo de peças de nomes da moda de várias partes do mundo e os armazenando com todo o rigor necessário, Walter decidiu abrir seus closets secretos de roupas-ícones e colocar à venda para fazer tudo isso circular. A Galeria 12 fica em Caxias do Sul e tece, a partir de então uma nova trama para a história da moda. Confira entrevista exclusiva que Walter concedeu para o Lackman: Qual o sentimento de dividir com o público o seu acervo? A metáfora do “vão-se os anéis, ficam os dedos”, resume a sua atitude? Eu acho que esse acervo, ele tinha uma função na vida, que era na realidade conservar tudo aquilo que me encantava no trabalho de outras pessoas, e que serviu de certa forma de aprendizado para melhorar meu produto, para a qualidade do meu produto. A intenção desse acervo sempre foi mantê-lo em um lugar privado onde ele pudesse ser visitado, onde ele pudesse ter consultas, mas no Brasil onde a moda não é valorizada, onde a gente não tem espaços e nem a médio ou longo prazo surge a possibilidade de existir um museu da moda, que poderia servir como um acervo básico até da história brasileira, porque muitas dessas roupas foram compradas aqui no Brasil, ou seja, a gente tem acesso a roupas importadas de qualidade, e nem para isso a gente tem um espaço para poder contar. Depois de mais de 20 anos guardado, e eu pensando sempre que tecido é perecível, eu acho que chegou a hora de colocar em prática o desapego. Então eu selecionei realmente as peças que eu acho que são incríveis, junto com meu acervo de loja que eu tinha com peças que não são usadas, surgiu a ideia de abrir a Galeria 12, que é esse espaço de curadoria onde a mistura desses estilistas das décadas de 70, 80, 90 e 2000 podem se misturar, contar uma nova história e fazer parte do guarda-roupa das pessoas. Desapegar dói? Deixa um vazio, e por isso demorou tantos anos para que seu “closet de colecionador” fosse aberto? Colocando culpa no meu signo, como bom sagitariano, eu sou super apegado com as minhas coisas. Demorou um tempo sim para eu entender que era necessário, agora tudo também meio que o universo conspirou, porque eu achei o lugar muito interessante num espaço de uma galeria que eu gosto muito aqui em Caxias do Sul, então tudo isso de certa forma foi colaborando para que a ideia se edificasse e que daí, se construísse toda essa percepção de que o acervo poderia vir e ser vendido. É lógico que o acesso à venda também vai ser feito pelo Instagram e eu tenho a impressão, que pelo menos a parte dos estilistas mais contemporâneos, tipo de Thierry Mugler, ou Claude Montana, por exemplo, vai ser vendida para o exterior porque eu não consigo entender as pessoas comprando isso aqui, eu acredito que que essas peças irão para arquivos internacionais. Você é extremamente organizado e o seu acervo deve ter sido meticulosamente catalogado. Quantas peças fazem parte desse montante de conhecimento adquirido em anos de pesquisa? Como bom sagitariano a hora que se decide, se decide e o apego não existe mais, então eu estou bem livre desse peso (risos). É bem difícil precisar um número na realidade. Por mais que eu seja organizado, por exemplo todo o meu acervo pessoal de Walter, dos desfiles de Walter eles estão organizados cronologicamente, mas eu não sei ainda quantas peças eu tenho eu também não sei quantas peças eu tenho do acervo de aquisições, que é como eu chamo esses acervos que eu fui comprando ao longo dos tempos. Eu sei que eu tenho muita coisa. Tenho quase, uns 90 Thierrys, umas 70 peças do Saint Laurent, e aí mais outras coisas, muitas outras coisas de outros designers, mas talvez o volume maior seja desses dois. É claro que eu estou sempre atento e sempre buscando repor também, porque já começou a vender então tem que pensar e repor para sempre ter um acervo bacana na Galeria. E junto disso realmente tem peças que não foram usadas que estavam guardadas desde o fechamento da loja, lá em 2012, que são extremamente atemporais e que estão aqui junto para serem vendidas também. Quais nomes fazem parte do acervo Galeria 12? Bom, de marcas têm um pouco de tudo. Tem Jiu Sander, Louis Féraud, Emanuel Ungaro, tem Jean Paul Gaultier, Cloé, Dior, Armani, Vivienne Westwood, Gianfranco Ferré, Hervé Legér, Kenzo, Paco Rabanne, Tom Ford, Jonh Galliano, Azzedine Alaïa, Balenciaga da época do Nicolas Ghesquière, tem coisas que eu trouxe do Japão que são os kimonos especiais, tem algumas peças que foram coletadas em brechó mas com aspecto de a artesania, então tem vestidos do

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Lídia Abdalla: “Se estudamos e nos preparamos, estamos capacitadas para assumir…”

No mês em que o mundo discute a importância e a representatividade das mulheres, a presidente executiva do Grupo Sabin, Lídia Abdalla, comemora a relevante contribuição da empresa para a valorização feminina no mercado de trabalho. O Grupo Sabin conta com mais de 7 mil colaboradores, sendo quase 77% de mulheres. O sexo feminino ocupa 74% dos cargos de liderança da empresa.  Toda essa representatividade é fruto de um programa bem estruturado de diversidade, consolidado ao longo dos anos. O Sabin foi a primeira empresa do setor de saúde a se tornar signatário dos 7 Princípios de Empoderamento das Mulheres, estabelecido pela ONU Mulheres, sendo um deles o tratamento de todas as mulheres e homens de forma justa no trabalho, respeitando e apoiando os direitos humanos e a não-discriminação. Em um rápido bate-papo, Lídia traz algumas reflexões importantes para inspirar outras mulheres e empresas. Confira: A desigualdade de gêneros ainda é uma realidade nas empresas nacionais? Tradicionalmente o setor de saúde emprega muitas mulheres no quadro funcional, mas elas estão, em sua grande maioria, concentradas em cargos assistenciais ou operacionais. Quando olhamos para a alta liderança, nossa representatividade é pequena. Muitas vezes eu fui a única mulher em uma sala de 15 ou 20 presidentes. É quando você percebe a diferença e a desigualdade. No Sabin abraçamos diariamente o desafio de deixar um legado para as nossas colaboradoras e também para o ambiente empresarial. Você acredita na equidade de gêneros? Acredito e este tema é prioritário na empresa. Fomentamos o respeito às diferenças e promovemos discussões com o foco na superação de preconceitos e crenças limitantes. Um exemplo dessa cultura é a história profissional da própria presidente-executiva, que iniciou na empresa em 1999, como trainee e, ao longo dos anos, teve a oportunidade de se desenvolver e ocupar várias posições no Grupo onde, desde 2014, lidera processo de crescimento do Sabin. Quais são as vantagens de ser uma empresa de alma feminina? Os resultados alcançados pelo Grupo em seu processo de expansão se devem também à força feminina presente no DNA da organização. Nos últimos 10 anos avançamos com nossa presença em todas as regiões do país, um movimento ousado, planejado e executado por uma equipe diversa, comprometida, o que tem nos permitido crescer de forma sustentável. Como a empresa trabalha a valorização feminina? O Sabin desenvolve um programa de diversidade estruturado para refletir sobre questões que fomentem o respeito e a promoção de diversidade na empresa, além de treinamentos focados na temática e o incentivo ao diálogo. O Grupo investe nas competências, colhe resultados e se consolida cada vez mais como referência na valorização da mulher no mercado de trabalho brasileiro e também em seus diferentes papéis na sociedade. Que dica você dá às mulheres que desejam alcançar sucesso profissional e ainda enfrentam muitos obstáculos? As mulheres de fato não precisam ser mulher-maravilha, mas precisam ter autoconhecimento e autoestima. Podemos realizar nossos sonhos com coragem, resiliência e foco no desenvolvimento para assumir cargos de alta liderança. Não precisamos nos cobrar o tempo todo de sermos perfeitas e sempre acertar. Eu venho de uma família de 3 filhos e eu sou a mais velha. Minha mãe foi professora, foi costureira, teve comércio. Eu cresci vendo a minha mãe trabalhar, cuidar dos filhos e da casa. Isso faz toda diferença para ser quem eu sou, sobretudo em uma posição de alta liderança.   Sobre o Sabin    Fundado em 1984, pelas bioquímicas Janete Vaz e Sandra Soares Costa (foto), o Sabin Diagnóstico e Saúde é reconhecido por instituições nacionais e internacionais pela qualidade dos seus serviços de saúde, gestão de pessoas, responsabilidade socioambiental e pesquisas técnico-científicas. Presente em 15 estados e no Distrito Federal, a empresa possui um portfólio robusto, com mais de 7 mil exames. Fotos: Dino e Divulgação

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Marney Costa: “Certamente minha fluidez decide meu caminho”

Em tempos de pronomes neutros, Marney Costa, da marca Moun é exemplo de que esse movimento, anteriormente conhecido como andrógino caminhou por estradas tensas e chegou ao que hoje podemos chamar de agênero ou inglesando pra genderless. Passear pelo masculino e feminino tirando dessas “divisões” o que é equivalente e costurar equivalências, transformando em roupas o que surge, não é de tudo fácil. Caminhar por lugares terrenais e conseguir tirar o suprasumo do que as identidades de gênero trazem para agradar com criação de roupas é tarefa árdua, mas como tantas outras funções na vida, não é impossível. Assim como não foi nada fácil iniciar os trabalhos em meio a pandemia. Sim, a Moun saiu do papel e da mente de Marney, durante a quarentena imposta pelo novo coronavírus. Marney estuda o comportamento da fluidez há alguns anos e acredita que “gritar quem somos não só no empodera, mas dá forças pra ajudar semelhantes a não sofrer com as maldades do mundo padrão”, conta. Nascido em Conselheiro Lafaiete, interior de Minas Gerais, o jovem Marney foi criado ao lado de seus avós e com sua mãe-solo, Irene, como base. Com uma família repleta de mulheres fortes – que o estilista cita com a admiração lá no alto –, ele viu que um sonho pode se tornar possível. As tias Gracinha, Nilza e Marlene eram criadoras de roupas, bordados e tricôs. Delas, veio o esteio para que, no futuro – que se deu em 2020, ou seja, no nosso belo presente –, sua paixão por moda fosse transicionada em realidade. A moda da Moun de Marney, que escolheu o Sul do país para viver, vai além do óbvio,  passeia pelo complexo, acha lugar na ousadia e atraca seu enorme navio de possibilidades na realidade. Não há como negar que a sociedade consumidora atingiu um patamar de poder de escolha como nunca visto, entretanto, ainda precisa de um pouco mais de coragem para fazer todo o esforço valer a pena. Nomes como o de Marney florescem no cenário da moda brasileira e acabam por difundir o que já podemos chamar de “nova moda” um movimento ainda tímido, mas que, certamente estará nos livros de um futuro próximo. Basta analisar. Nomes como o de Marney estarão em listas com outros como Felipe Fanaia, Igor Dadona, Lucas Regal, Drayson Menezzes, Lucas Scafuto, Martins, Diego Favaro e Bruno Olly. Não é que eles não respeitem as “normas mercadológicas”. Eles buscam outros resultados. A moda nunca esteve tão socialmente envolvida em causas, especialmente, se colocarmos outras praças  (nacionais e internacionais) em debate. A moda flui assim como as pessoas da atualidade. E Marney, nosso querido personagem de hoje traz reflexão e imagens lindas pra nossa entrevista. Confira o papo. Nos tempos que vivemos, o que te inspira a criar? R: Sempre fui apaixonado por tudo que exalasse androgenia, fluidez, e a leveza de perpassar pelo masculino e feminino. Hoje, mais do que nunca, acredito nesse espectro, no quanto podemos ser esse todo sem nos limitarmos ao que uma sociedade julga e nos limita. Vivemos um tempo em que gritar quem somos não só nos “empodera” mas dá forças para ajudarmos semelhantes a não sofrerem com as maldades do mundo padrão. Por sentir isso na pele das maneiras mais cruéis cheguei no meu limite e pretendo não deixar que ninguém me diga e diga a outra pessoa que ela não tem ou não é o que é preciso para ser feliz. Quais são seus princípios mais fortes e que podem ser encontrados nas suas criações? R: Durante a criação da marca o que batia mais forte era o desejo de ser genuíno, de expressar a identidade que ao longo da minha vida me foi tirada. Fazendo terapia e observando desde os 7 anos quando comecei a me dar conta do quanto era “diferente” e “sensível” fui apontado e recriminado é isso foi fazendo com que eu aos poucos deixasse de me expressar como eu realmente era. Minha avó materna sempre foi meu refúgio, a pessoa que mais me protegia dessas maldades do mundo. Ao lado dela eu era o Marney feliz que desenhava vestidos, pegava panos para costurar, corria pela casa com os lenços dela sem me importar e ser recriminado. Hoje acho que estou me conciliando com essa criança e acredito que ninguém merece ser deixado pra trás. Qual o significado do nome da sua marca? R: Na dúvida entre usar meu próprio nome e algo que fosse além de mim,  quis escolher uma palavra que representasse todxs, enquanto conversava com um grande amigo me deparei com a palavra MOUN, logo me apaixonei pela quantidade e ambiguidade de sentidos, significados em diversas línguas e senti que assim conseguiria passar por cima das barreiras de gênero para então falar sobre o que significa a marca. O que prefere, ser um estilista que segue tendências ou alguém que cria sem se preocupar com o que fazem mundo afora? R: Certamente minha fluidez decide meu caminho, todas as mulheres fortes da minha vida jamais vão ficar pra trás nas minhas criações e traduções do mundo. A palavra tendência me causa um certo desconforto, mas acredito que podemos olhar ao redor, atender necessidades e conversar sempre com o que está acontecendo em cada momento. O que define o seu trabalho na marca quanto à questão criativa? R: A sensação de estar conciliando com meus sentimentos e minha identidade me enche de ânimo e me dá cada vez mais vontade de produzir. Seu público-alvo é fiel ao seu trabalho? Quais são suas ações para conquistar seus clientes? R: A marca tem apenas dois meses mas no meu coração ela já existe desde quando eu tinha cinco anos. Na época, ao invés de estar em certos grupos fazendo coisas típicas eu estava desenhando vestidos e vislumbrando esse mundo. Acho que agora é aguardar o retorno do universo. Espero que eu toque muitos Marney’s perdidos por aí em todos os aspectos. Acredita que é possível ser criativo em tempos de caos? R:

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Ronaldo Fraga: o feito à mão é o novo luxo e continua a ganhar valor

A preocupação em fazer arte e ter resultados a partir da arte é uma das máximas de Ronaldo Fraga, um pensador, um filósofo do hoje e um pesquisador de essências. Dono de desfiles memoráveis e peças de arte que alteram o olhar sobre o mundo, Fraga distribui boas formas de ver o mundo e de se apropriar do que realmente vale a pena para escrever o futuro. Politizado, inteligente e de personalidade encantadora, Ronaldo esteve em Brasília para participar e conduzir parte do projeto Casa de Criatividade e Inovação, comandado por Renata Oliveira. O reforço do estilista e empreendedor ao CCI trouxe à tona a vontade de jovens em se capacitar, por intermédio do amor que sentem pela moda. Ao passar pela cidade, Ronaldo, atencioso como ele só, nos concedeu uma entrevista, que você pode conferir abaixo. 1 – Ronaldo, você anda pelos quatro cantos do país vendo pessoas, acompanhando trabalhos e desenvolvendo intelectualidade. O que você tira dessa sua experiência de descoberta de novos talentos? O Brasil hoje ainda é um país que pode ser considerado um celeiro de pessoas criativas pro mundo da moda? R: O Brasil é uma fonte inesgotável de criatividade e consequentemente de novos talentos. Eu credito isso a nossa mestiçagem, um país que teve e tem essa mistura de todos os povos do mundo no mesmo lugar não podia ser diferente, e isso não é só pra moda, isso é para qualquer área do design ou artes visuais. A volta do gosto por tudo que é feito com as mãos, e tão somente com elas, é algo muito evidente. O número não chega perto do que foi feito no passado. Acredita que essa geração está criando consciência acerca da valorização do que é handmade? R: Bom, da mesma forma que eu afirmo que passado a euforia da globalização, genuíno é o novo luxo, todas as vezes que o homem perde o valor ou um valor entra quase em extinção ele vira artigo de luxo, e agora está acontecendo e vai acontecer cada vez mais com o feito à mão, quando tudo sai de uma indústria asiática, da produção em série.  Quando ele é feito à mão, quando ele traz uma marca, ele vai ter cada vez mais valor. “O Brasil é uma fonte inesgotável de criatividade e consequentemente de novos talentos.” 3 – Da descoberta do talento ou facilidade pra uma profissão, até o sucesso no mercado de trabalho é mais fácil hoje ou foi mais fácil para sua geração? R: Eu acho que toda época vai ter sua dificuldade. Se em outro momento a dificuldade ao acesso era uma, hoje no mundo globalizado vai ser outra, pois tem a facilidade justamente por ser globalizado, por se ter acesso a informação muito mais do que você tinha no passado. Então, coloca-se as facilidades e as dificuldades, eu acho que sempre vai ser diferente, né? Vai mudar uma coisa ou outra, já que o que era difícil no passado é fácil hoje e o que era fácil no passado vai ser difícil hoje. 4 – Educação profissional para áreas intuitivas é quase inexistente. Isso faz muitos talentos serem deixados pra trás. Como poderíamos resolver uma questão como essa no Brasil? R: O problema não é a educação profissional para áreas intuitivas, o problema é a educação, o problema do Brasil é esse, é a educação de qualidade em todas as áreas. Agora a intuição pra mim sempre vai ser a diferença no ensino técnico, no ensino de formação universitária, ela vai ser sempre valorizada. Às vezes a gente tem a sensação de que o Brasil não saiu do lugar, mas é porque o investimento e a educação é incipiente, o acesso a educação de qualidade ainda é uma pontinha lá no alto da pirâmide. 5 – No contexto de moda brasileira, você consta em qualquer ranking de melhores estilistas. O seu trabalho na moda instiga reflexões que fogem do contexto básico do consumo. Passeia pela arte, pela identificação pessoal, pela emoção, entre outros fatores. O seu propósito sempre foi esse, ou o tempo te fez enveredar para tais conceitos? R: A minha formação é a formação de um profissional, a infância que ele teve, a adolescência e a juventude vai definir o profissional que ele é. Eu fui um adolescente na nova ditadura militar, onde eu lia só literatura política, então quando eu me distancio e olho a minha história, de onde eu saí, de uma família muito humilde que devorava os livros que conseguia, só podia dar no que deu né? – risos –, em um profissional que pensa a moda como vetor político. Aliás eu tenho cada vez mais claro que por acaso foi a moda, mas qualquer coisa que eu fizesse nos caminhos o olhar seria diferente. Fotos: Zuleika de Souza/Divulgação

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Arthur Igreja: “Luxo é um mercado bem diferente e que demanda a criação de escassez…”

Um exemplo de que persuasão e eficiência. Arthur Igreja lidera um grupo de seguidores que festejam a cada conselho que ele profere em suas redes sociais, afinal, em tempos de quarentena é impossível marcar uma palestra com ele, visto que aglomeração é certa. Com histórico de ideais bem representados e fundamentados na realidade, o especialista em inovação e tecnologia predispõe de análises sobre mercado e, especialmente, empreendedorismo. Ele tem títulos acadêmicos de tirar o fôlego, tais como Masters em International Business pela Georgetown University (EUA), Masters of Business Administration pela ESADE (Espanha) e Mestrado Executivo em Gestão Empresarial pela FGV, Pós-MBA e MBA pela FGV. Um profissional que idealiza soluções e busca resolver problemas. Esse é o tipo de profissional que qualquer mercado busca. Solucionar problemas ou propor sólidas possibilidades de crescimento é o que está em alta. Seu livro “Conveniência é o Nome do Negócio” traça uma narrativa em que o protagonista é sempre o empreendedor e inovar é a melhor solução para qualquer negócio. Arthur cedeu um pouco de seu atribulado tempo e concedeu uma entrevista ao Lackman para falar sobre futuro, acenos tecnológicos e um pouco sobre o mercado de moda. Confiram: Baseado nas questões de manifestação de pessoas acerca da necessidade de fazer grandes mudanças nas empresas durante o período pandêmico para sustentar-se. Qual é o seu ponto de vista a respeito? É melhor mudar o que for possível, ou esperar para saber como o mercado vai se comportar, e a partir daí evoluir em mudanças? Acredito que tem um meio termo. Esperar a mudança sedimentar não dá tempo. Tem muito negócio que se não mudar rapidamente simplesmente desaparece. Por outro lado, mudanças excessivamente drásticas sempre são acompanhadas de grandes riscos. Acredito então que tem que mudar rápido, mas com coerência, passos medidos dentro do possível. Então, sem fazer nenhuma loucura, porém, esperar muito também não é uma opção. Fala-se muito sobre inovação nos negócios, mas as pessoas sentem que inovar é apenas transformar um formato de negócio noutro apenas adicionando funções como, no caso da moda, em que empresários seguiram a maré de iniciar processos de vendas via redes sociais. Isso resolve o problema momentaneamente, mas, e no futuro, essas plataformas serão promissoras no sentido de se tornarem um braço a mais para o mercado de venda de roupas, por exemplo? Sim, pode ser muito além de uma solução de curtíssimo prazo, mas também uma nova fonte de receita. O que vi em muitas empresas é que elas não deram atenção para alguns canais, pois ficam em um dilema. Elas não têm muita receita com o canal digital, sendo assim não dão importância e, consequentemente, não crescem a receita. Como agora tudo mudou, muitas vão enxergar que é uma nova área de negócios e que merece atenção e investimento. Não vejo como uma superação emergencial. Envolve uma transformação profunda, principalmente, do hábito dos consumidores. Existe uma fórmula para ter sucesso em algo considerado pouco necessário, como produtos do mercado de luxo? Luxo é um mercado bem diferente e que demanda a criação de escassez, de narrativas, onde a empresa tem que entregar a história da marca, do produto, o tempo todo precisa ter um reforço na exclusividade. Não necessariamente a compra mais fácil é a que funciona para o luxo. O consumidor precisa se sentir escolhido, pois está em um patamar especial de relacionamento com a marca e, em contrapartida, a marca tem que ser capaz de dar determinados vestígios que ele possa compartilhar isso. O luxo tem essa característica de entrega de um símbolo social e compartilhável, algo que em época de redes sociais as pessoas tanto gostam. Então, desapareceram as classificações monárquicas e os objetos de luxo suprem essa necessidade. Para ter sucesso no luxo é fundamental muita coerência com precificação, posicionamento e experiência de compra proporcionada ao consumidor. Ultimamente, a tecnologia está muito bem instalada no meio da moda e tem sido uma das melhores apostas do setor. Oferta de produtos criados a partir do uso de matérias-primas desenvolvidas de maneira high tech necessitam, obrigatoriamente, de alternativas de marketing inovadoras. Há uma vertente de condições para posicionar esses produtos de maneira inteligente e eficaz? Para posicionar bem o produto tem que ter a clareza se está conseguindo comunicar o porquê que ele é diferente. Não pode ter todo um esforço de desenvolvimento de matéria-prima, de produto, para depois a pessoa simplesmente olhar como um objeto comparável a qualquer outro. Os consumidores cada vez mais gostam de tecnologia e coisas diferentes. A comunicação precisa ser estruturada para contar uma história. Quais são suas perspectivas para os próximos anos, no que se refere ao emprego de alternativas inovadoras? Minha perspectiva é muito positiva. A pandemia trouxe uma redução na barreira de adoção de novas ideias nas empresas. Agora é ponto pacificado que as empresas têm que se adaptar e fazer algo diferenciado. Então, isso vai ajudar a destravar o ambiente de companhias mais conservadoras. E do lado do consumidor é a mesma coisa. Existe uma adoção grande de e-commerce e de novos comportamentos. Sendo assim, há um vento muito a favor para quem gosta de mudanças. É possível desprender as novidades dos diversos mercados dos formatos tradicionais? Há uma receita, ou apenas ocorrerá naturalmente? A adoção natural só acontece em um estágio de maturidade muito grande, quando a empresa não precisa mais pensar em inovação. Simplesmente, a busca por novidades se torna DNA. Acredito que uma empresa que está entrando nesse mundo da inovação tem que estar bem preocupada com a incorporação desse novo hábito, da nova cultura e de entender para onde as coisas estão indo. E isso é longe de ser um processo natural. Veja mais sobre o livro “Conveniência é o Nome do Negócio” Redes Sociais Instagram: @arthur.igreja LinkedIn: http://linkedin.com/in/arthurigreja Canal Telegram: https://t.me/arthurigreja Podcasts no Spotify: https://open.spotify.com/ Fotos: Divulgação e Redes Sociais

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