Em cartaz no CCBB Brasília, Maria Padilha e grande elenco atuam em peça que mistura Brasil e Rússia em uma trama que discute, com bastante humor, os tempos de intolerância vividos no país.
Paisagens dramáticas, personagens tomados por questões existenciais e reflexões profundas costumam figurar no imaginário quando se fala em autores russos. Mas esse estereótipo diz pouco sobre “Um Jardim para Tchekhov“, espetáculo que conta com o patrocínio do Banco do Brasil, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, com temporada até o dia 02 de fevereiro no Centro Cultural Banco do Brasil Brasília.
Transitando entre a comédia, o lirismo e o drama, o texto inédito assinado por Pedro Brício, narra a história de uma consagrada atriz de teatro, Alma Duran, vivida por Maria Padilha, que vai morar com sua filha, a médica Isadora (Olivia Torres), e seu genro Otto, um delegado de polícia (Erom Cordeiro), em um condomínio em Botafogo, no Rio de Janeiro. Brício está indicado ao Prêmio Shell de Teatro 2024, pela dramaturgia da obra, cujo resultado será anunciado em março de 2025.
O fato é que, desempregada há três anos, Duran começa a dar aulas de teatro para a estudante Lalá (Iohanna Carvalho), enquanto sonha em montar “O Jardim das Cerejeiras“. Ao enfrentar dificuldades para realizar o espetáculo, ela conhece um desconhecido no playground do prédio, que afirma ser Anton Tchekhov (Leonardo Medeiros), que passa a ajudá-la.
Embora o espetáculo evoque o autor russo, o texto não é inspirado nele, conta Pedro Brício. “O tom tchekhoviano está na dualidade de emoções, nas tensões sociais, na aridez da violência, na intolerância. Por outro lado, há o afeto, a beleza, situações patéticas, risadas. É uma mistura de sentimentos, é sobre rir das nossas dores”.
E por mais que a Alma Duran esteja passando por uma situação difícil, lidando com o fracasso, com a falta de dinheiro, não perde a capacidade de sonhar, de inventar um futuro. Sim, com maestria e boas doses de humor, a peça vai discutindo os tempos de intolerância vividos no país, trazendo para perto do público o que, aparentemente, estaria distante no tempo e no espaço, como a obra de um autor russo que viveu entre o século XIX e o XX.
A diretora da peça, Georgette Fadel, conta que “o autor é geralmente lido do ponto de vista psicológico, das relações sociais, mas ele tem uma vertente de humor muito importante, a qual a equipe escolheu ressaltar. ‘O Jardim das Cerejeiras’, por exemplo, é uma comédia, mas ficou conhecida na montagem do diretor russo Constantin Stanislavski, que insistiu em encená-la como um drama, o que conferiu a ela essa pecha”.
Vale destacar que partiu da atriz Maria Padilha a ideia de fazer uma montagem envolvendo Anton Tchekhov. Seu primeiro trabalho com o autor russo foi em 1999, na peça “As Três Irmãs”, dirigida por Enrique Diaz. “Me apaixonei por sua obra, pelo ser humano que ele foi. Desde então sonhava em montar uma peça dele, mas é algo grandioso, com muitos personagens e ficaria inviável financeiramente. Convidei, então, o Pedro Brício, com quem havia trabalhado no monólogo ‘Diários do Abismo’, que fez uma brilhante adaptação das obras da escritora mineira Maura Lopes Cançado. Como grande dramaturgo que é, ele criou a história original que se transformou na peça ‘Um Jardim para Tchekhov’”.
Padilha ainda sublinha que a personagem Alma Duran é um verdadeiro presente neste momento de sua carreira: “Ela traz um sopro de vida, um sopro de arte. Chega para mudar as relações, tanto na sua família, como para a estudante de teatro Lala, que recebe aulas particulares da atriz. Alma simboliza a própria arte e o teatro como um lugar de respiro, de ar. Ela está entre o lírico e o humor, o drama e a comédia – algo que me dá muito prazer em representar como atriz”.
Acessibilidade
Para que todo mundo possa ir #PERAMBULANDO com o maior conforto e segurança até o CCBB Brasília, a ação “Vem pro CCBB” conta com uma van que leva o público, gratuitamente, até o local. A iniciativa reforça o compromisso com a democratização do acesso e a experiência cultural dos visitantes. A van fica estacionada próxima ao ponto de ônibus da Biblioteca Nacional. O acesso é gratuito, mediante retirada de ingresso, no site, na bilheteria do CCBB ou ainda pelo QR Code da van. Lembrando que o ingresso garante o lugar na van, que está sujeita à lotação, mas a ausência de ingresso não impede sua utilização.
Inclusive, uma pesquisa de satisfação do usuário pode ser respondida pelo QR Code que consta do vídeo de divulgação exibido no interior do veículo. E o itinerário/horário da van saí da Biblioteca Nacional para o CCBB às 12h, 14h, 16h, 18h e 20h . Já o sentido inverso, ou seja, do CCBB para a Biblioteca Nacional é sempre às 13h, 15h, 17h, 19h e 21h.
Vamos conferir?
Um Jardim para Tchekhov / Teatro do CCBB / até 2 de fevereiro de 2025 – quinta a sábado, às19h30, e domingo, às 17h / R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia-entrada) / Adquira no site www.bb.com.br/cultura e na bilheteria física toda sexta feira da semana anterior / Siga @ccbbbrasilia
Fotos: Divulgação