Polêmico e necessário: Antonio Obá, o livro

Vocês já repararam como, muitas vezes, nós desconhecemos brasilienses que são aclamados mundialmente pelo seu trabalho? Arrisco a dizer que Antonio Obá pode ser um desses nomes. Talvez, PERAMBULANDO por aí, você possa ter cruzado com o artista nascido na Ceilândia, que ainda vive e trabalha em Brasília. Mas pode ser que mesmo assim o grande público ainda não saiba o quanto o moço bombando mundo afora pelas suas obras que são polêmicas, questionadoras e incômodas por jogar no ventilador e espalhar por todos os cantos o não reconhecimento da raça negra na formação da sociedade brasileira, sempre relegada a um lugar de desprezo.

Esse resgate de dignidade atribuiu grande valor ao seu trabalho, que há um tempo já atingiu a cifra acima de um milhão de reais (por obra). Sua arte já foi exposta ou fazem parte de coleções de relevo em Amsterdam, Paris, New York, México, Rio de Janeiro, São Paulo entre outros hot spots. O sucesso é tamanho, que François Pinault, (empreendedor bilionário francês, fundador da empresa de investimentos Artémis e do grupo de luxo Kering – que detém marcas como Saint Laurent, Alexander McQueen e Gucci) tem uma obra de Obá em seu acervo.

É indiscutível o quão longe chegou e ainda poderá chegar esse filho de uma dona de casa e de um entregador de gás, até mesmo porque, Obá completa 40 anos de idade em 2023, onde 20 deles foi trilhando seu caminho nas artes plásticas e outros tantos ensinando educação artística e processos criativos como professor no Centro Educacional 15 de Ceilândia, e no Centro de Desenvolvimento de Potencial Criativo (CRIAR), para crianças e adultos em Taguatinga. Hoje, faz parte da elite da arte contemporânea brasileira representada pela Mendes Wood DM, galeria de São Paulo com filiais em New York e Bruxelas.

Leigo ou fã, o melhor dessa notícia chega agora para você: nesta semana teve lançamento do livro Antonio Obá (Editora Cobogó), na Livraria da Travessa, localizada no Casapark.  Com textos das curadoras Diana Campbell e Diane Lima, a edição reúne pinturas, objetos e performances criadas pelo artista que investiga as contradições na construção do Brasil, refletindo sobre a ideia de uma identidade nacional a partir do tensionamentoda memória racial, histórica e política do país.

Perturbando arquétipos e padrões impostos pela sociedade, suas obras tiram o corpo negro de um lugar de vergonha e exploração para, em suas próprias palavras, “recuperar, reconfigurar e narrar imagens que podem resgatar a dignidade de um corpo que foi historicamente negado, marginalizado, comercializado, distorcido e apagado.”

Este colunista esteve presente ao lançamento, ao lado de inúmeros convidados. Era tanta gente reunida no local na última terça-feira (25), que só a fila de autógrafos durava cerca de duas horas. O que posso ressaltar ainda é que o livro é nota mil, e você pode conferir um pouco dessa noite neste vídeo. Para quem se interessar em adquirir a obra, deixo ainda três opções de compra: os sites da Editora Cobogó; da Livraria Travessa; e do Shopping Casapark. Pesquisou, achou e arrematou essa belíssima obra de arte.

Por fim, uma última dica para quem estiver PERAMBULANDO por São Paulo até o dia 18 de fevereiro por São Paulo, Antonio Obá está em cartaz com a exposição Revoada na Pina Contemporãnea, a nova galeria da Pinacoteca de São Paulo.


Imagens: Divulgação
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