Mostra no Museu de Arte da Bahia convida à uma imersão na diáspora africana e na questão racial brasileira
O artista plástico Sanagê Cardoso desembarca em Salvador com sua exposição “Sanagê Pele e Osso”, que ficará exposta no MAB – Museu de Arte da Bahia, de 11 de maio a 22 de junho. A mostra, que conta com a curadoria de Carlos Silva, é um convite ao público a uma imersão estética e sensorial na questão racial e suas consequências na sociedade contemporânea brasileira, e é resultado de mais de quatro anos de pesquisas de materiais e texturas.
A exposição, que já passou pelo Museu da República em Brasília, MAB – Museu de Arte de Blumenau, Centro Cultural Correio, MAMAM – Museu de Arte Moderna Aloisio Magalhães, em Recife e Espaço Cultural Correio em Niterói, é formada por híbridos que transitam entre pintura, escultura e relevo, e convoca o público a uma imersão na diáspora africana e na questão racial brasileira.
Inicialmente, a linguagem é direta, pois cada uma das telas e o objeto escultórico se referem a alguns dos países africanos de onde saíram e por onde passaram homens, mulheres e crianças capturados e vendidos como escravos para trabalhar em fazendas e minas no Brasil.
Sanagê pesquisa a espuma expandida, material muito utilizado na construção civil para assentar portais e batentes. Usado de forma bruta, cria volumes e texturas. “Num primeiro momento, há o encantamento com a matéria e suas possibilidades. Este é um dado fundamental para a construção da sua obra, pois é sobre a espuma expandida que se projeta seu exercício de produção contemporânea em arte”, afirma o curador Carlos Silva.
Ao optar pela cor branca, que contém e reflete todas as cores, Sanagê conduz o visitante para uma experiência de espaço infinito. “O branco é a presença diáfana que simboliza uma ausência de limites. Porém, além de uma escolha estética, a cor também é política. Assim como as telas que contêm relevos e texturas que não representam os relevos ou acidentes geográficos dos países africanos, a cor também não se refere a uma realidade. É uma provocação para a reflexão sobre passado, presente e futuro”, afirma o artista.
A diretora do Museu de Arte da Bahia, Ana Liberato, afirma que “A exposição promove uma imersão na diáspora africana provocando importantes questionamentos acerca da desigualdade social que marca o país desde os tempos coloniais. Nada melhor que utilizar a arte para lançar protestos e provocar reflexões”.
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Fotos: Divulgação