Empreendedor de sucesso e fundador da PROJETUS explica por que qualquer pessoa pode — e deve — se engajar por um bem coletivo. ONGs, fundações, institutos e associações. Quem nunca ouviu falar do famoso terceiro setor? Um conjunto de organizações sem fins lucrativos que atuam em causas sociais, culturais, ambientais ou humanitárias. Elas não pertencem ao governo (primeiro setor) nem às empresas privadas com fins lucrativos (segundo setor), mas muitas vezes colaboram com ambos para promover o bem coletivo. Em Brasília, o jovem empreendedor Tito Santana se destaca como referência na área, expandindo sua atuação à frente da PROJETUS — Govtech, fundada por ele em 2018 com o objetivo de simplificar o acesso a recursos públicos e apoiar organizações da sociedade civil. Com presença em 20 estados e no Distrito Federal, sua startup já gerenciou quase R$ 200 milhões em projetos, capacitou mais de 4 mil agentes sociais em todo o Brasil e impacta, atualmente, cerca de 1,5 milhão de vidas por ano por meio das iniciativas que apoia. Formado em Marketing, com MBA em Administração Pública, Tito foi selecionado para a prestigiada lista “Under 30” da Forbes Brasil em 2024, na categoria Empreendedorismo no Terceiro Setor. Recentemente, participou do Web Summit no Rio de Janeiro como representante de uma das 250 startups convidadas, conectando-se com líderes em tecnologia social. Entre suas iniciativas de destaque está o “Bate-Papo 3º Setor”, cuja segunda edição foi realizada, em abril, no Rio de Janeiro, com a participação de 600 instituições. O evento também estreou em São Paulo, reunindo 400 organizações em formato presencial e online, em maio. Em 2025, há planos de levar o projeto para o Acre, Espírito Santo e Minas Gerais. Entre seus projetos a curto prazo, está a participação como um dos destaques do Festival ABCR (Associação Brasileira de Captadores de Recursos), onde apresentará um painel sobre captação por meio de emendas parlamentares e seu impacto positivo no terceiro setor. Em breve, também fará o lançamento de seu primeiro livro, “Não Devolvemos Dinheiro”, que será publicado ainda no primeiro semestre. Baseado em suas palestras, a obra orienta agentes sociais sobre como utilizar verbas públicas de forma eficiente, evitando a devolução de recursos por falhas na execução de projetos. Mas, olhando mais para frente, o jovem empreendedor pretende desenvolver um spin-off independente — no qual está debruçado atualmente — que irá automatizar, por meio de ferramentas digitais, a captação de recursos para instituições, elaborando bons projetos com planos de captação eficientes e eficazes. Confira abaixo cinco perguntas que fizemos em uma entrevista exclusiva com Tito Santana, da PROJETUS – Govtech: Para muita gente, o 3º setor é um bicho de sete cabeças. Como explicar, rápido e fácil, o conceito e a prática? Eu costumo dizer que o terceiro setor somos todos nós. Inclusive, esse é um dos principais ensinamentos que trago no livro que lançaremos em breve, “Não Devolvemos Dinheiro”. Afinal, qualquer pessoa que se reúna ou que se importe com uma comunidade, com o resultado de uma política pública, em busca de um benefício maior, ela exerce uma atividade no terceiro setor. Explicando de forma rápida e fácil: você, na sua rua, na sua empresa, na sua família, pensando nos interesses do outro, do coletivo — isso é terceiro setor. Inevitavelmente, temos a parte do terceiro setor que é organizada, que se formaliza, que tem outro viés. Mas eu quero desconstruir isso e mostrar que CNPJ não é o terceiro setor, e sim todo mundo que se movimenta em função de um bem maior. Ou seja, somos todos nós. Como o Tito descobriu o 3º setor e o que mais lhe atraiu nele? Através da minha mãe, que sempre trabalhou com política pública para as famílias mais necessitadas. Ela veio de uma pobreza extrema, que se transformou em um desejo ardente de ajudar os outros. Inicialmente, eu me lancei como empreendedor e acabei falindo três vezes, voltando a morar com ela em todas essas ocasiões. Finalmente, pedi à minha mãe para a gente trabalhar junto, e ela me colocou num projeto de empreendedorismo em unidades de internação — o que me fez visitar todas as unidades do Distrito Federal. Passei a lecionar sobre empreendedorismo, ensinando o que não fazer, afinal, eu já tinha errado bastante. Foi um choque de realidade profundo, que aguçou minha curiosidade: “Como é que existe um recurso que não é dela, mas que serve para fazer o bem aos outros?”. Daí em diante me aprofundei e comecei a entender que existia uma rede, um movimento organizado. E isso me atraiu bastante, pois enquanto existirem seres humanos, vai existir essa necessidade de prosperar, de melhorar. E precisamos ser empáticos — não só por ser uma questão bíblica, mas por uma questão humana — e isso torna o terceiro setor infindável. Como você mesmo destacou, o começo é sempre difícil, gera dúvidas e medo. Depois de experimentar esse tipo de sentimento, hoje segue inabalável pelo caminho? Ah, não. Medo, dúvida, receio, desconfiança… tudo é inevitável, né? Tudo faz parte do processo. E o que sempre me deixou mais apreensivo, vamos dizer assim, foi a quantidade de pessoas que, cada vez mais, passaram a depender do meu trabalho — tanto nas instituições que a gente visitava quanto naquelas que eu passei a contratar. Isso me deixava mais agitado pela responsabilidade em si. Mas eu sou muito persistente, segui ajustando os ponteiros rumo à direção certa e, hoje, a gente está aqui colhendo frutos de um propósito bem aplicado — e alguns valores inegociáveis, como, por exemplo, nunca prosperar na dor do outro. O terceiro setor é isso aí. Como diz Winston Churchill: “O sucesso consiste em ir de fracasso em fracasso sem perder o entusiasmo”. Não é mesmo? Estar na capital do país abre mais ou menos portas para o 3º setor? Estar na capital do país, trabalhando com o que eu trabalho, inevitavelmente abre mais portas, graças às relações governamentais que fazem parte do dia a dia da cidade. No entanto, o terceiro setor tem uma certa