Jader Almeida: “Assim como a moda e a arte, o design é uma manifestação humana”

Um dos mais importantes nomes do design internacional inaugura loja própria na Capital Federal com coquetel para convidados e revela opiniões sobre o métier em entrevista exclusiva

Finalmente! Chegou a vez de Brasília ter uma Flagship Store jaderalmeida para chamar de sua. E a notícia da inauguração da loja no Casapark (a 10ª unidade no país), nessa quinta-feira (01), certamente deixou muita gente contente, sobretudo arquitetos, decoradores, clientes de alto poder aquisitivo e amantes do design contemporâneo. Reunindo mais de 200 convidados na festa de inauguração, o espaço que mede mais de 750m² revelou quais foram as criações que o renomado e talentoso designer decidiu trazer para cá. Entre elas estão as linhas Living, Outdoor e Lighting (de móveis e luminárias), além de lançamentos e peças únicas.

O meu trabalho tem essa característica do design silencioso, que cumpre sua função, passa pelo tempo e se mantém elegante. Jader Almeida

Em entrevista exclusiva à coluna PERAMBULANDO, Jader destacou que este momento é consequência da história que vem sendo construída ao longo dos últimos anos juntamente com Carlos Alberto Mendes de Oliveira, da Hill House. “Tudo tem seu tempo de maturação e de um preparo, e eu não sei se demorou muito ou se foi muito rápido demais, mas acredito que as coisas vêm no momento exato”, frisou o catarinense que, depois do primeiro contato com a indústria de mobiliário – quando tinha apenas dezesseis anos, já conquistou até hoje mais de 120 prêmios dentro e fora do país, assinando nada menos do que 1000 produtos com seu nome.

Jader Almeida e Carlos Alberto Mendes de Oliveira

Confira abaixo o bate-papo na íntegra com Jader Almeida:

O mundo do design está cada vez mais engajado em produzir soluções estéticas para a nova geração. Quais suas principais preocupações ao desenvolver um móvel verdadeiramente novo?

Eu acredito que o design é algo multifacetado, afinal de contas, há diversas maneiras de interpreta-lo. Eu acredito que a ética e a estética são a mesma coisa, elas devem andar juntas. Então, quando eu penso um produto, não apenas um móvel, mas uma luminária, uma joia, um tapete, um móvel, uma arquitetura, sempre tem valores intrínsecos com esse conteúdo que sempre está condicionado a uma bagagem, uma profunda pesquisa. Eu, enquanto arquiteto, design, pesquisador, eu tenho que saber utilizar os materiais, a fabricação, o contexto, colocando o ser humano no centro dessa pesquisa como um todo. Eu tenho a filosofia de que um bom produto pode durar para sempre, e esse talvez seja um dos maiores acertos do nosso trabalho (como designer), fazer as coisas boas.

Seus traços são orgânicos e oferecem mobilidade e ergonomia. Você é um designer que preza pelo conforto até que ponto?

Design é arte e ciência, são dois mundos, um equilíbrio entre o lado direito e esquerdo do cérebro, entre a razão e a emoção. Talvez o conforto esteja condicionado à função de um produto, mas é claro que eu também digo que a função poética é muito acentuada. Afinal de contas, um produto se ele não estiver em uso, ele também tem que ter essa função de emocionar as pessoas. Então eu não consigo pensar separadamente a função, a forma, o conforto. Eu acredito que o equilíbrio é a chave, o principal motivo desse pensamento.

 

 

O reconhecimento de seu trabalho se dá pela criatividade. Quais são os pontos que exercita para se manter sempre criativo?

Eu já falei isso inúmeras vezes, a curiosidade é a matéria-prima da criatividade, mas a curiosidade do ponto de vista de tentar entender os materiais, as formas, os comportamentos, e não aquela curiosidade tola que faz ouvir atrás da porta, mas a curiosidade que faz descobrir um novo continente, por exemplo. Então, a matéria-prima, o substrato básico da criatividade é a curiosidade, definitivamente!

 

Sobre processo criativo… seu talento é inato ou desenvolvido por estudos aprofundados em design?

Isso é algo recorrente, inclusive em treinamentos, em conversas. Eu acredito, obviamente, que existe o talento, mas um talento que se não estiver junto, absolutamente conectado com a disciplina, não existe sucesso. O talento é um ingrediente que existe, mas eu atribuo muito mais à disciplina, ao trabalho com muita dedicação. Então não é apenas um gesto, uma situação, tudo é fruto de um trabalho intenso e também extenso. Portanto, para mim, a disciplina supera o talento.

 

Assim como a vestimenta, a moda também está no design de móveis? Você acredita que a casa se veste de Jader Almeida, por exemplo?

Eu tenho um pensamento holístico, assim, seja moda, seja arquitetura, seja o design, seja a arte, são manifestações daquilo que nos faz humanos. A moda é uma forma de expressão. Cada objeto é uma forma de expressão de dizer quem somos, o que acreditamos, como interpretamos o mundo. E eu não tenho essa percepção de divisão móvel com a moda. Eu acredito que tudo é parte dessa manifestação das pessoas. O que elas querem comunicar por meio de tudo isso que é o design. E sim, eu acredito que a casa ela tem muito dessa expressão. Eu não vou falar da moda, aquela coisa frívola, passageira, vou falar da elegância. E a própria experiência aqui na flagship Brasília tem esse acento muito forte, e eu sempre costumo dizer que, o luxo sussurra. E o meu trabalho tem essa característica do design silencioso, que cumpre sua função, passa pelo tempo que se mantém elegante. Então, assim como a moda, assim como a arte, assim como várias outras manifestações humanas, o design é isso, é uma manifestação.

 

Coquetel de Inauguração

Reunindo amigos, clientes e admiradores do seu trabalho, Jader Almeida ofereceu aos seus 200 convidados o primoroso serviço by Sweet Cake Buffet. Eles também puderam ver, em primeira mão, os móveis, luminárias e peças exclusivas que o designer trouxe para sua Flagship Store candanga. A seguir, confira cliques feitos por este colunista/fotógrafo de algumas das pessoas que passaram pelos ambientes desse espaço incrível:

Jader Almeida e Ivana Valença
Renata Borsói Leal e Susan Neves
Ivan Valença e Paulo Henrique Paranhos
Adelmo Marinho
Ana Luiza Favato e Cleber Depieri
Victor Veiga e Gabriel Omami
Vinícius da Mata, Matheus Rocha e Maria Araújo
Orestes Blanco
Carol Valença e Sílvia Badra
Ângela Beatriz Silva e Fernanda Marreco
Jacqueline Pantazis e Bertha Pellegrino
Jota Pacini
Eliene Lucindo e Alexandre Lobo
Bruno Maciel e Lorena Lanussy
Lucas Ferro e Matheus Carvalho
George e Júlia Zardo
Caroline Mendonça, Mauro Carvalho e Helô Ferreira
Luiza Vaz

 

Fotos: Gilberto Evangelista

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