Em novo capítulo, “DFB Revela” apresenta talentos egressos

Programa de reconhecimento de recém formados na universidade gera encantamento e oportunidade para alunos de todo o Estado cearense

Tem coisa que jamais mudará no DFB Festival: a vontade de abrir espaço pra quem tá chegando, pra quem tem ideia na cabeça, talento nas mãos e coragem. Na edição de 2025, o projeto DFB Revela veio reafirmando o festival como vitrine e berço da moda autoral brasileira — aquela que carrega potência pra atravessar qualquer fronteira.

A proposta é simples, mas certeira: colocar na passarela estilistas recém-formados, gente que acabou de sair dos corredores das universidades, mas já pisa firme no terreno da criação. É moda fresquinha, pulsante, feita por quem ainda carrega cheiro de sala de aula, mas já sonha alto.

Neste 26º ano de história, o DFB Revela levou ao Centro de Eventos do Ceará desfiles assinados por egressos da UniAteneu, da UFCA (Universidade Federal do Cariri) e da UNIFOR (Universidade de Fortaleza). Foram dois dias em que a passarela virou território de experimentação, de encontro, de afirmação — um espaço onde educação, empreendedorismo e inovação caminham juntos, lado a lado, costurando o futuro da moda brasileira. Venham ver!

Universidade de Atenas

Uma das novidades do evento para 2025 é a perceria com várias instituições de ensino superior do Estado. A proposta é revelar nomes de alunos egressos das faculdades com talentos excepcionais e promovê-los para o mercado de moda cearense. A coleção “ÁRIDA”, da equipe de alunos da UniAteneu, mostrou amadurecimento criativo e entendimento acerca de como os profissionais evoluem adornados pela vontade de se transformarem em grandes profissionais do mercado.

Com conceito embebido pelas rachaduras do solo e o silêncio do sertão, a coleção tem na força e beleza da terra nordestina o s tons terrosos — que vão do barro queimado ao ocre do entardecer — em texturas que remetem à pele da caatinga, às cicatrizes do chão, à beleza crua e intacta de um Nordeste que resiste, pulsa e encanta. ” O trabalho fala muito sobre firmeza. Sobre o calor que marca, o vento que levanta poeira e o corpo que dança em meio à secura. É uma homenagem à paisagem que molda o espírito nordestino — forte, sensível, indomável”, contou o grupo de egressos  composto por Milene Silvino, Cidda Lima, Janaina Melo, Kellyane Lopes e Igor Saint coordenados pela p rofessora Regina Almeida e orientados pelo professor Marcelo Belisário.

UFCA

Foi na quinta-feira, 15, que Alan Araújo riscou a passarela com cheiro de terra molhada e gosto de infância. Veio do Cariri, onde o vento sopra lendas e as pedras sabem contar histórias. Trouxe “Tem Macaxeira no Feijão”, coleção que é mais que roupa — é costura de memória.

As peças nascem do que sobra, do que fica, do que resiste. Retalhos que um dia seriam silêncio, agora são voz, são cor, são gesto. A matéria-prima vem da natureza, do cuidado e das mãos calejadas de quem sabe que criar também é um jeito de sobreviver. Na roda de parceiros, nomes que também bordam sonhos: o Ateliê Ecoed, a ilustradora João Cortes e a joalheira Dayane Araújo. Juntos, eles tecem uma cartografia afetiva do Cariri — terra onde a ponte de pedra não é só paisagem, é portal.

Alan é desses que carregam o sertão no peito e nas pontas dos dedos. Faz joias, faz moda, faz memória. Navega entre o brilho dos metais e a maciez dos tecidos, como quem aprende a ouvir o silêncio da matéria antes de transformar. Atua de forma livre, autônoma, mas nunca só, está no Arruma Coletivo, no NAVE, no que pulsa e no que cria.

UNIFOR

Na mesma travessia, a UNIFOR também soprou seus ventos. Subiram à passarela vozes novas, olhares frescos, mãos que desenham futuros. Amanda Nascimento, da Ressoar, trouxe peças que são quase oração — feitas na cadência das labirinteiras, que entrelaçam linhas como quem fia destino.

Gabriele Duarte, da Boana Jeans, encenava um desfile que é espelho: moda que dialoga com o mercado, mas sem esquecer o afeto do fazer manual. Ana Beatriz Ribeiro, da Açude, abriu as gavetas da própria história e espalhou sobre a passarela as rendas, as cores e os cheiros de Juazeiro do Norte, sua terra de encantarias.

E Nathan Brito, designer e stylist, fechou o ciclo com criações que são pele, são manifesto, são desejo de ser — de vestir-se como quem se revela ao mundo.


Fotos: Passarela por Eduardo Maranhão / Backstage Nicolas Gondim
Curtiu? Compartilhe!
Rolar para cima